Vendée Globe Real e Virtual - 10-1-2021
Um retrato da
Vendée Globe 2020-21
Acabaram as margens de erros. No Atlântico, o líder Yannick Bestaven tem 400 milhas de vantagem. Faltam menos de 5 mil milhas para a linha de chegada em Les Sables d’Olonne
Para os líderes da Vendée Globe 2020-21 real, o momento é de escolhas E não podem ser erradas. Acabaram as margens de erros. Pois para Yannick Bestaven (Maître Coq) faltam menos de 5 mil milhas para a linha de chegada em Les Sables d’Olonne. Agora às 15 horas, ele está navegando na altura de Santa Catarina, com uma vantagem de praticamente 400 milhas para Charlie Dalin (Apivia) e os rivais mais próximos. Isso quer dizer que a vitória está garantida? A resposta é negativa. Embora eu possa apontar como provável que o vencedor da nona edição da Vendée Globe está muito provavelmente entre os cinco primeiros (Bestaven, Dalin, Ruyant, Sequin e Burton), nada está definido.
Nos Oceanos Índico e Pacífico, apesar dos mares bravios nas altas latitudes, não há muito segredo na navegação. A preocupação dos marinheiros é principalmente manter um bom ritmo sem quebrar. A navegação leva os participantes a seguirem como um trenzinho. Como o Maître Coq não quebrou, está liderando.
Em qual dos cinco mais bem classificados da Vendée Globe 2020-21 (fotos abaixo) você apostaria?
O Linked Out sofreu com a quebra de um hidrofólio, que teve de ser retirado. O Apivia também sofreu danos num hidrofólio e foi obrigado a parar a navegação para reparos. Situação pior envolveu o Bureau Vallée 2: este arribou em uma pequena ilha para reparos mais demorados e complexos. E assim como o Maître Coq e seu skipper, Yannick Bestaven, o Groupe Apicil, de Damien Seguin, tampouco sofreu problemas — o que explica em parte a presença de um Imoca antigo e sem hidrofólios entre os cinco na disputa final pelo título (sem desmerecer Seguin, que está fazendo um grande trabalho, e a sorte com certeza está ao lado de quem a fez por merecer).
A subida do Atlântico será a parte mais difícil desta Vendée Globe e nervosa para os líderes. Raras vezes, tivemos tantos Imoca próximos na arrancada final. Altas e baixas pressões irão se alternar no caminho. Então, as escolhas, as difíceis escolhas, é que determinarão o vencedor.
Enfim, é isso. Cinco barcos já estão velejando para o norte, ao largo das águas brasileiras, mais oito estão no Atlântico. Outros 13 permanecem no Pacífico. A lamentar a quebra da quilha do MACSF, da franco-alemã Isabelle Joschke. Ela vinha fazendo uma grande regata, sempre entre o grupo líder, esteve em 5º lugar depois do Natal. Agora, é torcer para que ela consiga trazer seu Imoca para a costa (da Argentina ou do Brasil), pois a avaria é grave (a organização da regata, com ajuda de meteorologistas, está orientando Isabelle a encontrar uma rota mais segura para o continente).
A Vendée Globe virtual
Na versão virtual da regata, os barcos já estão no hemisfério norte, na altura das ilhas de Cabo Verde. Com um milhão de inscritos, restaram pelo menos 15 mil no grupo que lidera. A cada mudança de ventos, surgem novos líderes e desaparecem outros. Posso, contudo, apontar alguns favoritos, ou que pelo menos estarão entre os cem primeiros: o lendário francês Marchabob fez juz à fama em seu retorno, depois de anos sem competir; o americano Your Mom, ao lado dele, realiza um belo duelo; o sueco Toppen e outros “suspeitos” de sempre, como os suíços Tipapacheri e Buddha, estão ali perto. Se alguém bobear…
Entre os brasileiros, o KikoPR-BST é sempre um sério candidato a liderar nossa flotilha verde-amarela. Eu apenas acompanho com o MinutoNautico, e tenho esperanças de chegar entre os Top 1.000. Por enquanto, estou por volta dos 14 mil. Vamos acompanhar o término desta incrível Vendée Globe, em ambas as versões.