74ª Santos-Rio

Torben Grael, a bordo do Magia IV. Foto: Aline Bassi/Balaio de Ideias

Vitória

em família

(Por Regina Hatakeyama, com informações da ABVO e da assessoria de imprensa do evento)

Phoenix 44, de Fábio Cotrim é fita azul; Magia IV, de Torben Grael, o vencedor

Disputada em mar aberto, com variadas condições de velejada e relativamente curta (o percurso é completado, em média, em dois dias), a Regata Santos-Rio sempre atrai velejadores de ponta dispostos a um bom desafio. Um deles é o multimedalhista olímpico Torben Grael, que estima ter já participado da competição umas 20 vezes.

Este ano, na 74ª edição desta que é a mais tradicional regata oceânica do país, Torben voltou a ser destaque, tendo a bordo do seu Magia IV (um ILC 30) os filhos velejadores Marco e Martine, que é bicampeã olímpica e campeã mundial na classe 49er FX. Tripulação e barco não decepcionaram: o Magia IV venceu a corrida na classe mais competitiva, a ORC. Já o fita azul, o primeiro barco a completar as cerca de 200 milhas (370 km) do percurso foi o Phoenix 44 (Bottin 44), com o tempo de 31h48min para cruzar a linha de chegada, sob o comando de Fábio Cotrim e tendo a bordo Jorge Zarif (campeão mundial das classes Finn e Star, com participação nas Olimpíadas de 2012, 2016 e 2020).

A regata

Após o costumeiro desfile dos veleiros competidores (26 ao todo) em frente ao Deck do Pescador, em Santos, com direito a apresentação da Banda dos Fuzileiros Navais do 8º Distrito, ventos de noroeste com rajadas acima de 20 nós (37 km/h) trouxeram emoção à regata local (in port race) realizada entre as Ilhas Porchat e Urubuqueçaba, antes da partida para mar aberto da Santos-Rio de 2024, na sexta-feira 25/10.

O velejador Luiz Fernando Dancini, do Iate Clube de Santos, que acompanhou a flotilha até fora da barra, relatou: “O Phoenix foi o primeiro a dar o jibe (mudar a direção da proa a favor do vento) já no rumo de Ilhabela, seguido por Duma e Inaê. O vento estava muito forte perto da costa, mas foi enfraquecendo no través e voltou a aumentar de intensidade após a Ilha da Moela. Por isso, Torben Grael, com o Magia IV, e Maximus optaram por uma linha mais costeira”.

“Esperamos uma regata bastante difícil, com muita rajada no começo, mas zonas sem vento ao longo do percurso”, disse Bayard Neto antes do início da competição. Ele é comandante do Soto 40 Inaê Transbrasa e presidente da Associação Brasileira de Veleiro de Oceano-ABVO, que chancela a competição, aberta às classes ORC, BRA-RGS, RGS Cruiser, RGS Clássicos e Mini 6.5.

A classe BRA-RGS, aliás, teve a participação do Barco Brasil, um Bavaria 55 pés, que disputará a regata de volta ao mundo Globe 40 em 2025 (saiba mais aqui). “É uma oportunidade incrível de testar o Barco Brasil e nos prepararmos para os desafios que virão na Globe40”, comentou José Guilherme Caldas, comandante do veleiro, ainda no Iate Clube de Santos, anfitrião dos barcos até a largada e um dos organizadores do evento, junto com o Iate Clube do Rio de Janeiro.

O Magia IV venceu a 74ª Regata Santos-Rio com o tempo corrigido da Classe ORC em 40h11m24s. Esta é a segunda vitória do Magia IV e a oitava de Torben Grael como comandante na Santos-Rio (recorde da competição), além de ter sido seis vezes fita azul. Torben descreveu assim a regata de 2024:

“Nós optamos pelo caminho mais curto, porque com um barco menor, não precisamos velejar tão arribados (alinhados com a proa a favor do vento). Perto da Ponta do Boi, em Ilhabela, teve um bom pedaço de contravento e depois entrou um sudoeste de uns 15 nós (28 km/h) na Ilha da Vitória. Temos um balão (vela leve para vento em popa) e um casco mais estreito, o que nos dá menos estabilidade, mas nos permite andar bem no vento mais fraco.

O velejador Murilo Novaes, que não estava a bordo, fez um trabalho muito bom de previsão de vento antes da largada. O barco se mostrou muito bem preparado, assim como a tripulação. Não possuímos muitos instrumentos e mantivemos contato apenas visual com as demais embarcações. Velejamos ao lado do Dona Bola, de 41 pés, o tempo todo.”

Dona Bola, comandado por Ricardo Tramujas, terminou em segundo lugar na classe ORC, com Maximus (skipper Ralph Rosa) em terceiro, Duma (skipper João Ferrer) em quarto e o fita azul Phoenix (skippers Fábio Cotrim) em quinto lugar.

Nas demais classes, o Beleza Pura 2 venceu na BRA-RGS, seguido por My Boy e Tangará II. Entre os Clássicos, Morgazek classificou-se em primeiro lugar e Áries III em segundo. Na RGS Cruiser, Lilá foi o vencedor, à frente do Maria Preta.

O último barco completou a regata na manha de segunda-feira (28/10).

Com os apoios da Confederação Brasileira de Vela-CBVela e da Associação Brasileira de Veleiros de Oceano-ABVO, a Santos-Rio foi a regata de abertura do Circuito Rio, que continua a ser disputado a partir do dia 31 de outubro, na Baía de Guanabara.

Regina Hatakeyama