Refeno 2024
O sucesso
de sempre
Por Roberto Negraes
Catamarã Adrenalina Pura é fita azul pela nona vez na tradicional Recife–Fernando de Noronha
A 35ª Refeno (Regata Recife–Fernando de Noronha), realizada no último fim de semana, repetiu o sucesso sempre crescente dos últimos anos. Agora, em 2024, bateu o recorde de participações, com 90 veleiros vindos de várias partes do país (e um da Argentina) largando em acirrada disputa pela vitória naquela que é praticamente a única regata oceânica da vela brasileira realizada em alto-mar, bem longe da costa. Na verdade, inscreveram-se 92 barcos inscritos, mas dois não conseguiram partir.
O catamarã Adrenalina Pura (de Pernambuco), pela nona vez conseguiu tomar a fita azul para sua coleção de sucessos na Refeno, com o tempo de 18 horas, 49 minutos e 25 segundos. Este foi o quinto melhor tempo já estabelecido para esta competição. O recorde geral até hoje, de 14 horas, 34 minutos e 54 segundos, também pertence ao Adrenalina Pura.
A regata teve início a partir das 11 h de sábado (28/9), com os veleiros divididos em cinco grupos, largando separadamente a cada trinta minutos. O trajeto, de 300 milhas (cerca de 555 km), teve partida junto ao Cabanga Iate Clube de Pernambuco, com a linha de chegada junto ao Mirante do Boldró, em Fernando de Noronha.
Quatro barcos tiveram problemas técnicos e não puderam concluir a travessia. O Boa Vida, de São Paulo, retornou para o Recife ainda no começo. O Bluebier (Alagoas); o Travessia (Paraíba); e o Suduca (Bahia) abandonaram a regata e rumaram para o porto de Cabedelo, na Paraíba. Os demais seguiram na disputa, com a previsão de chegada de todas as embarcações até terça-feira (1/10).
Entre os 92 inscritos (lembrando que 90 largaram efetivamente), tivemos 23 do Rio de Janeiro; 19 de São Paulo; Bahia com 15; Pernambuco com 11; cinco do Rio Grande do Sul; e mais cinco do Paraná; com três da Paraíba; e mais três de Santa Catarina; dois para Alagoas; dois para o Ceará; e finalmente um barco cada para Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Minas Gerais. Além dos barcos nacionais, também tivemos um veleiro argentino, o Puxador.
Um dos barcos brasileiros que chegaram de mais longe foi o Bella Nau, um dos representantes do Rio Grande do Sul. A bordo, o Carlos Iran Strassburger conta como foi a participação na Refeno 2024 (terminou em 5º lugar na geral):
“Foi muito legal, muito bacana como sempre. A novidade para nós, em Recife, foi encontrar a nova marina, inclusive oferecendo um ótimo hotel. O Cabanga ofereceu transporte por barcos para os tripulantes dos veleiros que ficaram na marina, para ir e voltar do iate clube, tudo bem organizado”, diz.
Como foi se desenvolvendo a regata para vocês do Bella Nau?
“Como já é quase tradicional, o vento ali dentro do canal, em Recife, esteve fraco na largada, com seus dez nós (18,5 km/h) ou pouco menos. Conforme avançamos para o mar, o vento aumentava, e nem precisamos dar bordo para passar a boia, embora barcos que não orçassem tão bem fossem obrigados. E conforme nos afastávamos da costa, o vento ia aumentando, chegando logo a 14, 15 nós (27,7 km/h), e até Noronha tivemos uma navegação orçada com ventos entre 18 e 25 nós (46,3 km/h) nas rajadas —ao contrário do que nos acostumamos nas idas a Fernando de Noronha, geralmente com vento mais de popa.
Então, este ano fugiu um pouco das características?
Pois é, e o jeito foi comer muita pizza, mais fácil de preparar com essa navegação (risos). Não deu para cozinhar nada muito sofisticado. Com os barcos mais orçados, adernados, acredito que nos veleiros com tripulantes não muito acostumados com mar aberto acabou sendo um pouco mais sofrido do que geralmente acontece em uma Refeno.
E como foi a chegada em Noronha?
A chegada em Noronha para nós, no domingo, início da noite, foi praticamente com o mesmo vento, de 18 a 25 nós. Depois de passar pela ponta da Sapata para entrarmos no Boldró (onde estava a chegada oficial), tivemos como todo ano algum contratempo com a sombra da ilha, e foi preciso paciência esperando as rajadas — mas com isso tivemos outro bom momento por não precisarmos fazer bordos (outros barcos tiveram de fazer). A maioria dos barcos chegou na noite de domingo. Novamente foi uma grande regata para se participar e valeu nosso esforço — e creio que o de todos que competiram.
Resultados da Refeno 2024 até o encerramento desta reportagem