Partiu 10ª Vendée Globe
Um início
Emocionante
Por Roberto Negraes
Os 40 participantes da Vendée Globe iniciam sua jornada diante de 350 mil pessoas em terra
No domingo, 10 de novembro, o porto francês onde teve início a décima Vendée Globe amanheceu com tempo bom e ventos fracos, entre 4 e 6 nós (entre 7 e 11 km/h). E no espaço de algumas horas, os 40 circum-navegadores que participam desta mítica regata de volta ao mundo desfrutaram de uma experiência única e extremamente emocionante com seus familiares e uma multidão formada por membros das equipes, amigos e espectadores. As despedidas dos entes queridos nos pontões foram seguidas pela intensidade com que um público calculado em 350 mil pessoas, aguardando desde as primeiras horas da manhã, saudava os velejadores em sua passagem pelo canal de Les Sables d’Olonne (assista aqui).
Alguns dos skippers demonstraram toda sua emoção em curtas performances para o público, fazendo danças, simulando golpes de boxe, ou usando uma fantasia, como o japonês Kojiro Shiraishi vestido de quimono preto e espada de samurai ou o como o francês Damien Seguin num traje de pirata, com papagaio no ombro e um gancho no braço esquerdo. Seguin nasceu sem a mão, o que não o impediu de ser um dos bons skippers na navegação oceânica, além de campeão paralímpico de vela. Um outro competidor, Jingkun Xu, um dos melhores velejadores da China e também atleta paralímpico, perdeu a mão esquerda em um acidente, aos 12 anos.
Exatamente às 13h02, foi dada a largada para a Vendée Globe 2024, e os skippers partiram sozinhos a bordo dos seus velozes veleiros Imoca para a mais famosa e desafiadora regata de circum-navegação, num trajeto de 24 mil milhas (45 mil quilômetros), enfrentando os mares mais perigosos do planeta —os temidos Mares do Sul, abaixo de 40 graus de latitude Sul. As regras são duras: não podem fazer escalas nem receber qualquer tipo de assistência.
“O início é cada vez maior e mais intenso”, considerou Louis Burton (barco Bureau Vallée), enquanto Pip Hare (Medallia) falava de uma “experiência incrível”. Sébastien Simon (Groupe Dubreuil) classificou o momento como “um orgulho”; Oliver Heer (Tut Gut), um “momento muito especial e muito intenso”. Denis Van Weynbergh (D'Ieteren Group) disse que “A próxima vitória será estar na chegada”. Já a esposa de Charlie Dalin (Macif Santé Prévoyance) exigiu: “Você volta aqui, eu não quero te ver antes!”.
Apesar dos ventos fracos na largada, no início da segunda-feira a flotilha encontrou ventos constantes e crescendo em velocidade entre 15 e 20 nós (27,7 e 37 km/h), e com previsão de mais de 25 nós (46 km/h) com rajadas até 35 nós (64,8 km/h) no trecho final do Golfo da Biscaia. Na liderança, Charlie Dalin, do Macif, parecia determinado a terminar logo a corrida, assumindo a liderança já com boa vantagem sobre os demais.
Na manhã de terça-feira, o britânico Sam Goodchild (Vulnerable) passou à frente, seguido de perto por seu companheiro de equipe, o francês Thomas Ruyant (Vulnerable). A previsão para as horas seguintes era de menos de 7 nós (13 km/h) de vento entre as Canárias e Cabo Verde, com os líderes devendo alcançar o arquipélago da Madeira na quarta-feira à noite (ac0mpanhe a posição dos barcos aqui).
A versão virtual da regata atraiu mais de meio milhão de participantes de dezenas de países, e teve a largada ao mesmo tempo que o evento real. Na regata virtual, aparecem também os 40 barcos Imoca reais, o que é uma atração a mais para os velejadores virtuais. Nosso colaborador Roberto Negraes está participando com seu Imoca virtual Ondazul (BST) e fazendo a cobertura da 10ª Vendée Globe.