Italiano vence Transat virtual
Feras do oceano
reais e virtuais
Por Roberto Negraes*
Será que velejadores oceânicos profissionais conseguem navegar tão bem em uma tela de computador quanto no cockpit de um barco? Tire a sua conclusão depois de ler como eles se saíram na recente Transat AG2R La Mondiale, transferida para o modo virtual em razão da pandemia de covid-19
A largada da Transat AG2R La Mondiale no modo virtual, na mesma data e horário (dia 19 de abril passado, às 8 horas) previstos para a regata oficial, no litoral da França, que seria válida pelo campeonato francês de vela de oceano, ocorreu com ventos fracos e um número de inscritos fora do comum, mesmo considerando que qualquer pessoa poderia inscrever um veleiro. De início, era difícil estabelecer alguma análise com tantos participantes. Mas aos poucos isso se tornou possível. O destino: a ilha de Saint-Barth, no Caribe. Acompanhe, a seguir, um resumo de como foi essa concorrida disputa.
Com cinco dias de regata
No quinto dia de competição, ao largo da costa portuguesa, na latitude da cidade de Lisboa, um grupo grande dos velejadores profissionais briga pela liderança da prova contra os mais fortes competidores das regatas virtuais. Os barcos estão muito juntos, tanto que as posições se alternam a cada hora. Difícil precisar quem leva vantagem, mas vamos às minhas observações.
Antes, uma curiosidade. O navegador Bruno Jourdren (Portugal), resolveu desembarcar na "santa terrinha". Eu procurava pela localização dos veleiros, quando descobri seu barco encalhado onde está a cidade do Porto, em Portugal! Abandonou a regata para ficar provavelmente com amigos e família no Porto... Por outro lado, a francesa Estelle Denis parece ter largado uns dois dias atrasada, e aparece em 46.127º na classificação. Fora estes dois, todos os demais estão participando com boas chances de vitória na Transat AG2R La Mondiale.
Tenho uma grande surpresa, ao verificar os barcos marcados como de velejadores profissionais. Entre eles, está o diretor da regata Vendée Globe, que por algum motivo parece ter decidido também participar. Não aparecem nomes nesse barco, apenas "Vendée Globe 2020, Direction de Course". Acredito estar acompanhando e observando o grupo, pois navega em ziguezague, não parecendo preocupado com classificação, embora se mostre bem ativo. Existem rumores de que a Vendée Globe, tão aguardada para o fim deste ano, está em risco de ser cancelada — caso isso aconteça, será que irão também transferir os navegadores inscritos para uma disputa virtual? De qualquer modo, apesar de ainda não confirmada pela Virtual Regatta, a Vendée Globe, mesmo que ocorra no mundo real, deve acontecer também numa versão simulada da empresa.
Outro barco também parecendo passear pela regata traz a informação de que se trata do veleiro dos organizadores oficiais da Transat, também nenhum nome. Mais um observando o desenrolar da competição, com certeza, por algum motivo oculto.
O mais bem colocado entre os profissionais, no momento (dia 22 às 23 horas), tem a dupla francesa Estelle Greck e Laurent Givry no comando. E está bem na classificação geral, em 29º lugar. Como os barcos estão muito juntos, as posições são trocadas de hora em hora. Enfim, estão com boas chances, inclusive de vitória na geral. Próximo ao barco dessa dupla, está outra também da França, Pierre Quiroga e Erwan Le Draoulec, do veleiro Macif (barco real). Contudo, não me parece bem posicionado. Para mim, melhor estão os veleiros de Quentin Vlamynck (este me parece o mais bem posicionado entre os pro), Florian Gueguen, Clément Commagnac e Leonard Legrand e o OC Sports Pen Duick e sua tripulação oficial. Amélie Grassi e Ambrogio Beccaria (Mutuelle Bleue). E finalmente o veleiro de Jonas Gerckens e Sophie Faguet (Volvo Belgium), este último também me parece com grandes chances. Vamos acompanhar, a regata ainda está no começo, muitos ventos e águas pela frente. De fato, todos os quarenta barcos dos profissionais inscritos na Transat AG2R oficial estão participando da versão virtual. Alguns dos veleiros não aparecem com nomes da embarcação, apenas nomes dos tripulantes.
10 dias de regata
Uma mudança radical na competição. Os veleiros, inclusive e principalmente os profissionais, dividiram-se em dois grupos: um seguiu numa rota para oeste ao chegarem à latitude do Mediterrâneo; outra continuou para o sul, e foi margeando a costa africana. Quem se deu bem foram os veleiros que apostaram no trajeto mais longo, via costa da África. Com toda certeza, não tenho mais dúvida! Irão vencer com folga, chegando a Saint-Barth pelo menos um dia antes do grupo que preferiu seguir para oeste. E quem está liderando, mais uma vez, é o italiano Alberto Bona, com seu veleiro Kiniska SEBAGO (foi o vencedor, entre os profissionais, da regata The Great Escape, disputada em março). Esse navegador profissional das regatas reais está se revelando o melhor estrategista em regatas virtuais! Mas bem próximo está outro veleiro profissional, o Mutuelle Bleue, com a francesa Amélie Grassi e seu parceiro, o italiano Ambrogio Beccaria. Em terceiro lugar vem o LOUBSOL, do Fabien Delahaye (não creio que consiga alcançar os dois primeiros, embora nada seja impossível, ainda estamos muito longe do Caribe).
Já no grupo ao norte, em minha opinião, já derrotado, vários veleiros disputam a primazia. Os mais cotados, em minha opinião, em termos de posicionamento, são o veleiro de Arthur Hubert e Jules Bonnier, Florian Gueguen e o Quentin Vlamynck, este último já destacado anteriormente. Outros veleiros encontram-se espalhados fora destes grupos, mas não creio que tenham qualquer chance.
É visível que utilizam roteadores de qualidade superior. Nada indicava, no início da prova, que a rota ideal seria descendo para o sul, beirando a costa africana. Eu estou apenas acompanhando a regata, já que novamente fui frustrado mais uma vez (aliás, como em todas as minhas tentativas desde que voltei às regatas virtuais) pelo péssimo funcionamento da Internet aqui onde moro (falhando nos primeiros dias, e parando por completo por quase um dia inteiro). Então, vamos apenas assistindo a esta incrível regata disputada entre os profissionais inscritos oficialmente na Transat AG2R, cancelada no mundo real e transferida para o virtual. Acredito que teremos mais nove dias (aproximadamente) até os primeiros barcos chegarem à ilha caribenha de Saint-Barth.
Em tempo, a liderança geral da regata (pelo grupo da África) é de navegadores virtuais, mas com pequena vantagem sobre a turma profissional (somente os melhores acostumados às virtuais estão conseguindo enfrentar os profissionais). Desta vez, a disputa está muito diferente da anterior, quando os virtuais dominaram com facilidade. Pois a coisa está muito embolada e nada definida ainda.
14 dias de regata
Finalmente, os grupos que seguiram mais pelo oeste e os que foram pela costa da África encontraram-se perto das ilhas de Cabo Verde. Encontraram-se é modo de dizer, pois o grupo que optou pela costa africana levou toda a vantagem, e seus líderes estão pelo menos 100 milhas à frente dos melhores do outro grupo. Meu barco, com mais dois dias de falhas graves de conexão (outras 12 horas sem poder acessar o barco num dia e mais 17 horas no outro, caiu para 8.000 na classificação). Assim, desanimado quanto à participação, estou apenas acompanhando a regata.
O profissional mais bem classificado continua sendo o italiano Alberto Bona, do Kiniska SEBAGO. Algumas poucas milhas atrás estão Amélie Grassi e Ambrogio Beccaria, com o Mutuelle Bleue. O pódio provisório está entre os veleiros Volvo Belgium, com Jonas Gerckens e Sophie Faguet, e LOUBSOL, de Fabien Delahaye. Sinceramente, depois de assistir à vitória do Bona na regata anterior (The Great Escape), não acredito que deixe de vencer novamente entre os mais de 40 profissionais presentes nesta regata.
Está difícil estabelecer a classificação geral correta, pois muitos barcos estão navegando ao norte, rumo a uma calmaria sem qualquer piedade, mas por enquanto aparecem na frente. Entre eles, muitos brasileiros. O meu Curupira aparece, no momento, em 28º lugar entre os compatriotas, mas tenho certeza que terminarei entre os dez primeiros barcos nacionais (de fato, terminei em 7º lugar entre estes). Desde que voltei a competir, em setembro do ano passado, nunca deixei de estar entre os dez primeiros e não deve ser desta vez que isso não acontecerá. Penso que, na classificação geral, poderei chegar ao menos entre os três mil primeiros. Vamos ver se consigo (a não ser que o provedor destrua de vez minha participação).
Por falar nisso, somente para informar aos amigos, segunda-feira cancelei o provedor, e pretendo assinar com um novo, via satélite. Creio que assim poderei voltar a competir com boas perspectivas nas próximas regatas. Infelizmente, fui informado de que haverá uma espera de um mês para instalação da antena do satélite. Assim, ainda terei de suportar o pior provedor de internet do país, a tal Rural Telecom, de Cunha (SP), até isso acontecer. Mas vamos acompanhando a regata, já não estamos longe do Caribe, mais dois terços da distância foram vencidos.
Os primeiros colocados devem chegar daqui a seis dias em Saint-Barth, ou seja, próximo dia 10. Pelas previsões, o Curupira passará pela linha de chegada dia 11. Felizmente, aos poucos fui recuperando, depois de ter ficado em mais de 8.000 na classificação geral, e atualmente meu barco aparece em 2.482. Acredito que devo terminar em mil e tantos no ranking, o que não será nada mal, pois fui atrasado e sem condições de corrigir os rumos inúmeras vezes em razão de vários dias e horas sem conexão com a Internet, num evento com mais de 71 mil veleiros virtuais competindo (o número subiu ainda mais, pois é possível participar, mesmo dias depois da largada, numa posição intermediária, onde fica localizado um barco de apoio). Mesmo assim, o Curupira já aparece entre os dez primeiros entre os brasileiros (10º colocado, há dois dias estava em 27º).
O que interessa é a batalha a ser travada nos dias finais da Transat AG2R entre os profissionais Kiniska SEBAGO do Alberto Bonas (95º lugar) e o Mutuelle Bleue (96ª posição) de Amélie Grassi e Ambrogio Beccaria! A briga pela hegemonia entre os competidores oficiais da AG2R promete ser intensa até o fim. Noto a excelente melhoria no desempenho dos velejadores do mundo real nas regatas virtuais — na disputa anterior, a melhor posição ficou para o Kiniska, vencedor na classe Ultim, em 283º no ranking. Aos poucos, estão pegando o jeito, entendendo as diferenças entre as regatas reais e as virtuais. Estarão dominando nas próximas? A competição pela terceira colocação (no pódio) está entre o Volvo Belgium (dos belgas Jonas Gerckens e Sophie Faquet, no 221º lugar no momento) e o LOUBSOL, do francês Fabien Delahaye, em 238º.
Há uma briga igualmente intensa entre os competidores treinados nas regatas virtuais, com destaque para o Toppen (sueco) e o Machaon (francês), e outros bons competidores, estes últimos contando já com vitórias nas últimas regatas virtuais. Ambos os skippers são também velejadores no mundo real, participando de competições e regatas nacionais em seus países. Como já escrevi no início na matéria, só excelentes navegadores têm chance de vitória ou boas colocações nas versões virtuais das grandes regatas internacionais oficiais. Não são para amadores...
17 dias de regata
Sem qualquer dúvida, os veleiros que seguiram perto da costa africana e depois abriram a partir das ilhas de Cabo Verde irão vencer a competição. Para eles, faltam apenas três a quatro dias para chegar a Saint-Barth. Quem veio pelo oeste, terá um dia a mais de navegação. O caminho mais longo revelou-se mesmo o melhor.
Com isso, o Mutuelle Bleue (Amélie Grassi e Ambrogio Beccaria) e o Kiniska SEBAGO (Alberto Bona) continuam palmo a palmo, milha a milha, disputando a liderança. Ninguém mais tem condições de tirar a vitória de um desses dois veleiros. Em terceiro lugar, próximo, mas não o suficiente para maior reação, está o LOUBSOL, do Fabien Delahaye. De notável, a grande vantagem que estes três abriram dos demais profissionais inscritos na Transat AG2R La Mondiale oficial. Deram um banho de estratégia nos demais, pois a vantagem é muito grande. Como exemplo, o Kiniska SEBAGO está a 840 milhas de Saint-Barth, a apenas 1,7 milha de vantagem para o Mutuelle Bleue, e 14 milhas à frente do terceiro colocado, o LOUBSOL. Já o Born in Mini, veleiro mais bem colocado depois destes três, está 56 milhas atrás do LOUBSOL e os restantes, mais de 100 milhas atrás dos líderes!
O Kiniska SEBAGO surge agora em 39º lugar geral, com o Mutuelle Bleue em 46º. O LOUBSOL aparece em 83º. Depois deles, os mais bem classificados por enquanto são o Volvo Belgium, em 158º; o Born in Mini (Daby Baudard e Yves le Blevec) em 267º no ranking, e o La Chaîne de l’Espoir - Skiset, de Benoît Hochart & Matthieu Roynette, em 276º.
Como os ventos estão constantes e mantendo-se entre 16 e 19 nós, não vejo como algo pode ser alterado, a não ser se uma grande surpresa ocorrer. Acontece que o desempenho dos veleiros Figaro Bénéteau é praticamente linear. Explico. Tanto faz você navegar num vento de 15 nós (por exemplo) em 130, 140 ou 150 TWA (do inglês true wind angle, ângulo de vento em navegação. N.R.), que a diferença de velocidade será no máximo de 0,1 a 0,2 nó! Assim, em ventos constantes, ninguém ultrapassa ninguém, a não ser fazendo algo maluco como fiz para voltar dos 8.000 para os 1.500 (mergulhei do norte para o sul quando todos faziam o contrário seguindo os roteadores, só que eu acertei e os roteadores não, rs). Agora tento mais uma manobra, desta vez inversa, cruzando a frota no sentido oposto, para entrar em Saint-Barth pelo norte, ao invés de pelo sul das Ilhas de Sotavento, como estão recomendando os programas a que tenho acesso.
Logo confirmarei se o italiano Alberto Bona conseguiu sua segunda vitória em cima dos franceses...
Os líderes estão a apenas 162 milhas de Saint-Barth, ou seja, o Kiniska SEBAGO, do Alberto Bona. Seu maior rival está quatro milhas na sua esteira, o Mutuelle Bleue, de Amélie Grassi e Ambrogio Beccaria. Competem como se estivessem efetivamente no mar, e muito a sério. Ainda não está definido, embora a vantagem seja de Bonas. O LOUBSOL, de Fabien Delahaye está bem posicionado mais ao sul, com 12 milhas de desvantagem para os líderes. Em todo caso, não pode ser descartado, pois parece que teremos ainda de dar um bordo para o sul nas últimas horas. Final de regata sempre é emocionante. E ainda teremos de escolher entre quais Ilhas de Sotavento iremos passar para rumar direto para o destino final da competição.
E os veleiros virtuais e oficiais cruzam a linha de chegada, na encantadora ilha de Saint-Barth!
Classificação geral virtual:
1º Toppen (Suécia), com 21 dias, 10 horas e 34 minutos
2º frankiegoes timovan (França), com 21 dias, 10 horas e 39 minutos
3º Marindodous T_31, com 21 dias, 10 horas e 43 minutos
Classificação entre os participantes oficiais da Transat AG2R La Mondiale:
1º Alberto Bona - Kiniska SEBAGO, com 21 dias, 12 horas e 13 minutos
2. Amélie Grassi e Ambrogio Beccaria - Muttuelle Bleue, com 21 dias, 12 horas e 45 minutos
3. Fabien Delahaye - LOUBSOL, com 21 dias, 13 horas e 48 minutos.
O sucesso desta regata não tem precedentes em termos de competições virtuais. No total participaram, contando alguns retardatários (que podem começar em posição no meio da frota), 77.540 veleiros virtuais, quando eram esperados apenas algo por volta de 30 mil (normalmente apenas regatas famosas trazem grande participação. Mas com a entrada dos skippers profissionais da Transat AG2R La Mondiale, transferida do mundo real para o virtual, o interesse praticamente fez dobrar a participação. Em razão dessa grande quantidade de barcos (inesperada), a organização das regatas virtuais foi obrigada a adiar a largada de uma nova regata prevista para hoje, pois o interesse estava todo voltado para a Transat AG2R La Mondiale
Quem é Alberto Bona
O skipperAlberto Bona nasceu em Turim, Itália, no dia 9 de maio de 1986.
Além de navegador, por sua grande paixão pela navegação, é graduado em filosofia. E encontra no mar o equilíbrio certo entre seu barco, participando de regatas, e seu modo particular de ver o mundo.
Com determinação e habilidade, ele se tornou um ponto de referência entre os navegadores solitários italianos: o excelente desempenho na Mini Transat 2013 continua sendo um dos resultados mais importantes da navegação oceânica italiana e marcou sua entrada no mundo das corridas profissionais oceânicas.
Logo faz parte da equipe competitiva de alto-mar do Yacht Club Italiano desde 2012, e assim pode se dedicar à especialidade que prefere: a navegação em solitário.
Anos intensos de trabalho duro começam a resultar em projetos bem sucedidos e a encontrar patrocinadores para competir em alto nível no oceano e no Mediterrâneo. A paixão pela "course au large"(corrida oceânica) não o impede de competir em outras categorias e com equipes importantes, completando sua condição de um navegador polivalente e talentoso.
*Roberto Negraes é jornalista especializado em náutica e navegação, um dos pioneiros do setor. Em sua primeira participação numa regata virtual, conseguiu um 8º lugar numa das etapas da Volvo Ocean Race de 2008-09, além de 22º e 27º em outras etapas. Depois disso, passou a praticar e tornou-se o melhor brasileiro e melhor participante do continente americano durante anos, vencendo etapas de regatas internacionais como a Velux Five Oceans em 2010, vencendo na categoria SO (sem equipamentos extras) uma Solitaire du Figaro, conseguindo o 2º lugar na classificação geral da Cap-Istambul de 2010 (num final polêmico, com os próprios franceses lhe escrevendo que um bug do game havia lhe tirado a vitória), e terminando entre os Top 10 em 16 grandes eventos internacionais. Na Volvo Ocean Race de 2011-12, após vencer a regata experimental oferecida pela organização, esteve em 2º lugar na classificação geral até a sexta etapa, infelizmente não dando sorte nas duas últimas pernas e finalizando em 5º lugar entre 330 mil participantes de 184 países. Depois disso, parou de competir desde 2012, mas retornou agora às regatas virtuais, participando inicialmente de regatas como testes, para adaptar-se (a tecnologia desenvolveu-se muito nos últimos anos).