História da Vendée Globe

O barco de Titouan Lamazou, Acureil d’Aquitaine, na disputa da primeira edição da mais desafiadora competição circum-navegação do planeta.. Foto: © Jacques Vapillon - DPPI

O barco de Titouan Lamazou, Acureil d’Aquitaine, na disputa da primeira edição da mais desafiadora competição circum-navegação do planeta.. Foto: © Jacques Vapillon - DPPI

Uma epopeia chamada

Vendée Globe

Por Roberto Negraes

Desde sua criação, em fins dos anos 1980, o troféu oferecido pela regata de circum-navegação Vendée Globe é tido como o santo graal da vela

A Vendée Globe começou quase como um evento exclusivamente francês. Contudo, a cada edição, foi se tornando mais e mais uma regata global, atraindo velejadores de diversas nacionalidades. Neste ano de 2020, a Vendée Globe, competição de circum-navegação em solitário e sem escalas, já pode ser considerada a mais importante e prestigiada corrida de veleiros do mundo.

Ao longo de suas oito edições anteriores, esta competição foi palco, para alguns participantes, de grandes desafios vencidos e feitos heroicos; para outros, de frustrações em razão de abandonos por avarias diversas em seus barcos e até mesmo por doenças ou ferimentos diversos. A Vendée Globe trouxe eventos notáveis, como esforços em salvamentos durante condições extremas entre os próprios competidores, no esforço de resgatar colegas vítimas de naufrágios. Houve, inclusive, quem abandonasse a regata e o sonho para salvar a vida de terceiros. E não é possível ignorar, pesquisando a história desta fantástica competição, as tragédias com veleiros desaparecidos junto a seus comandantes, ocorridas nas primeiras edições (atualmente, com o avanço tecnológico no design e robustez de materiais, além de sistemas de acompanhamento em tempo real dos veleiros, a regata tornou-se mais segura, embora não de forma absoluta).

A Vendée Globe surgiu em 1989 como única herdeira da Golden Globe, um evento mítico para todo navegador que se preze. Para quem não conhece, em 1968, o jornal inglês Sunday Times ofereceu um prêmio de 5 mil libras e o troféu denominado Golden Globe para o primeiro navegador em solitário que desse a volta ao mundo em um veleiro, sem escalas, partindo e retornando à Inglaterra. O desafio resultou num evento lendário, com várias histórias quase inacreditáveis, como a do inglês Chay Blyth: sem nunca antes ter entrado num veleiro, quase conseguiu completar a volta ao mundo (desceu o Atlântico, percorreu o Índico e o Pacífico, chegando até o Cabo Horn, onde finalmente desistiu). Outro inglês, Donald Crowhurst, ficou velejando a esmo pelo Atlântico até se suicidar. E finalmente, a Golden Globe permitiu o surgimento de dois nomes lendários da vela: o inglês sir Robin Knox-Johnston, vencedor e único que a terminou, e o francês Bernard Moitessier, o qual, embora em condições de vencer, decidiu abandonar a competição para continuar adiante pelas altas latitutes do hemisfério sul, deixando a Europa pela popa e continuando para completar volta e meia ao mundo (arribou somente na Polinésia Francesa). Moitessier, em seu livro O Longo Caminho, explica sua atitude como uma revolta contra o modelo econômico ocidental, “o Sistema”, como dizia, abdicando assim do milionário prêmio oferecido pelo jornal inglês.

Depois da Golden Globe, surgiram novos desafios de volta ao mundo para os velejadores, mas como a complexa estrutura econômica para um evento de uma regata de circum-navegação demanda grandes investimentos, somente grandes patrocinadores se interessam em organizá-las. Assim, para atender aos interesses comerciais e institucionais das empresas, são exigidas escalas em diferentes portos e países. Desse modo, todas as competições entre barcos ao redor do mundo, a partir da heroica Golden Globe, passaram a ter paradas estratégicas em portos escolhidos para atender aos anseios dos organizadores.

Contudo, a França, sem dúvida o país com maior número de fãs da vela oceânica (prova disso é que por todos os mares do planeta podem-se encontrar veleiros franceses viajando), tinha um clima cultural mais favorável a um evento com o perfil da Golden Globe.

Como surgiu

A Vendée Globe foi criada em 1989 por iniciativa de Philippe Jeantot, organizador do evento, com o apoio de Philippe de Villiers (presidente do Conselho Departamental de Vendée, onde está localizado o porto de Les Sables d’Olonne , sede da regata). Philippe Jeantot é um famoso velejador francês, que participou de duas edições da BOC Challenge (regata de volta ao mundo com escalas, lançada em 1973). A possibilidade de organizar uma competição aos moldes da Golden Globe caiu como uma luva no ambiente cultural francês, pois ídolos como Bernard Moitessier e Eric Tabarly haviam criado um ambiente extremamente propício à ideia de Jeantot. Com o apoio do Departamento de Vendée, Jeantot conseguiu patrocinadores e logo despertou grande interesse da mídia.

Com o passar dos anos, o envolvimento da indústria náutica francesa tornou-se cada vez mais importante, seguido por financiamentos significativos de patrocinadores (bancos, seguradoras, indústria alimentícia). Hoje, a Vendée Globe representa enormes incentivos econômicos para a região francesa de Vendée, para a indústria náutica da França e para o porto e cidade de Les Sables d’Olonne  (centenas de milhares de pessoas comparecem à largada e final de cada edição da regata).

Ignorada inicialmente pelos grandes nomes da vela de outras nações, a Vendée Globe é a competição mais mediatizada da França, e foi se firmando, com o passar dos anos, como o grande evento global do esporte da vela. A cada edição, aumenta tanto o número de competidores franceses quanto o de outros países (este ano tem novo recorde de participantes, com 33 confirmados até esta data).

A mídia francesa descreve o evento como o “Everest dos mares”. E os patrocinadores investem entre 2 e 4 milhões de euros em cada participante (orçamento de três anos para o projeto do barco, equipe e marketing).

Apenas um navegador, Michel Desjoyeaux, conseguiu vencer a regata duas vezes, em 2000-2001 e 2008-2009. O recorde de circum-navegação da Vendée Globe está nas mãos de Armel Le Cléac'h, vencedor da edição 2016-2017 em 74 dias, 3 horas e 35 minutos e 46 segundos.

Glória e drama

Sendo provavelmente a mais perigosa regata do mundo, não é raro acontecerem desistências por diversos motivos, desde quebras de mastros, avarias de leme e outros problemas, até mesmo com o navegador, como doenças e dores de dentes. Dos veleiros que largam, boa parte não consegue completar a volta ao mundo, ficando pelo caminho. Tragédias também já ocorreram, com desaparecimentos de veleiros ou de seu único tripulante durante a competição. Entretanto, tudo isso parece ser apenas um tempero a mais para os participantes.

Vencedor da primeira Vendée Globe, Titouan Lamazou (esquerda) e Loïck Peyron desfilam em carro aberto em Paris. Foto: Henri Thibault - DPPI

Vencedor da primeira Vendée Globe, Titouan Lamazou (esquerda) e Loïck Peyron desfilam em carro aberto em Paris. Foto: Henri Thibault - DPPI

Primeira edição (1989/90) – Anunciada com destaque pela mídia francesa, a edição inaugural da Vendée Globe despertou interesse de grandes nomes da vela mundial, como o vencedor da Golden Globe, sir Robin Knox-Johnston e outros famosos. Contudo, a estrutura necessária e os altos custos diminuíram o número dos que efetivamente largaram. Assim, a primeira Vendée Globe, teve treze veleiros na largada (dez franceses, dois americanos e um sul-africano), mas apenas sete completaram o percurso. Foi o lendário Eric Tabarly quem deu o tiro de partida, às 15h15 do dia 26 de novembro de 1989.

Os favoritos da imprensa eram os nomes mais conhecidos na época: Philippe Jeantot, Philippe Poupon e Jean-Yves Terlain. Não se falou muito de um inscrito que havia terminado em segundo lugar a BOC Challenge anterior e fora tripulante de Eric Tabarly no Pen Duick VI: Titouan Lamazou. Contudo, logo seu nome estaria no hall da fama da regata.

Os primeiros incidentes aconteceram justamente com os favoritos. Logo Philippe Jeantot, com danos no seu Crédit Agricole, embora tenha conseguido continuar na regata, ficou para trás após dias às voltas com reparos. Para Phillipe Poupon ocorreu algo bem mais grave, com a capotagem e naufrágio de seu barco, o Fleury Michon (Poupon foi salvo por Loïck Peyron, do Lada Poch). Já Jean-Yves Terlain teve o mastro de UAP arrancado pelo vento, e abandonou a regata próximo ao Cabo da Boa Esperança.

Outros navegadores menos conhecidos também tiveram problemas, como o americano Mike Plant, obrigado a pedir ajuda perto da Nova Zelândia (por isso, foi desclassificado). Um caso inédito ocorreu com o francês Guy Bernardin: sofreu uma dor de dentes fortíssima, e não teve jeito senão desistir. Aos poucos, com outras baixas, restaram apenas seis competidores. E mesmo estes tiveram sérios problemas quando desceram demasiado para o sul, com icebergs bloqueando o caminho (para as regatas seguintes, foram criados “portões de gelo”, forçando uma navegação mais ao norte).

O final da primeira Vendée Globe foi uma emocionante disputa entre Titouan Lamazou e Loïck Peyron (este havia ganho um bônus por ter socorrido Poupon) mas, no final, foi mesmo Lamazou quem venceu, em 109 dias, 8 horas e 49 minutos, sendo recebido como um herói nacional na França, com direito a desfile em carro aberto pelo centro de Paris.

Classificação final na 1ª Vendée Globe

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Navegando adernado, a bordo do seu K&H Banque Matav, o skipper Nandor Fa ainda conseguiu fotografar a velejada nesse momento

Navegando adernado, a bordo do seu K&H Banque Matav, o skipper Nandor Fa ainda conseguiu fotografar a velejada nesse momento

Segunda edição (1992/93) – A segunda Vendée Globe teve 15 inscritos (dois a mais que a primeira), mas novamente muitos não conseguiram retornar a Les Sables d’Olonne ; apenas sete completaram a volta ao mundo. A vitória foi de Alain Gautier, com seu Bagages Superior, porém, a regata ficou marcada por duas tragédias. Antes mesmo da largada, Mike Plant, navegador americano veterano da primeira Vendée Globe, desapareceu durante a travessia dos Estados Unidos para a França, já perto de chegar a Les Sables-d’Olonne  (seu veleiro foi avistado, dias depois, emborcado). E o britânico Nigel Burgess caiu de seu barco no Golfo da Biscaia (Gasconha), morrendo afogado na primeira noite da Vendée Globe!

A partir dessa edição, o velejador Phillipe Jeantot deixou de competir para se tornar o organizador da regata, a qual, deixando de lado os incidentes registrados, foi um grande sucesso esportivo, com crescente interesse da mídia.

Logo depois da largada com grande público presente, os velejadores foram atingidos por uma forte tempestade, com ventos de 45 nós, no Golfo da Biscaia. Vários barcos retornaram ao porto de largada para reparos (até dez dias depois do início da Vendée é permitido voltar sem punição). Foi quando ocorreu a tragédia com Nigel Burgess.

A Vendée Globe de 1992/93 foi marcada por uma grande disputa entre Alain Gautier e Bertrand de Broc (com o Groupe LG), na descida do Atlântico, quando ocorreu um fato inédito que se tornou uma lenda na regata. Em uma queda no barco, de Broc sofreu sérios ferimentos e cortou a língua. Orientado por rádio pelo médico da competição, Jean-Yves Chauve, ele mesmo costurou a língua com vários pontos, e acabou apelidado de “Rambo” pela imprensa (o filme havia sido, então, recém-lançado nos cinemas). Lembrando: pelas regras, quem recebesse auxílio externo estaria desclassificado, e Bertrand “Rambo” de Broc não quis desistir; contudo, já com metade da volta ao mundo realizada, os construtores de seu veleiro avisaram que o casco poderia perder a quilha a qualquer momento, por um erro de projeto. Assim, ele foi obrigado a abandonar, arribando na Nova Zelândia.

De Broc não foi o único a se acidentar no barco. O inglês Alan Wynne Thomas quebrou seis costelas numa queda e continuou navegando por vinte dias até chegar a um porto e receber tratamento médico.

A exemplo da primeira Vendée Globe, a subida do Atlântico foi novamente palco de uma luta pela vitória, com o barco líder, Bagages Superior, de Alain Gautier, suportando o ataque do Fleury Michon X, de Philippe Poupon (este acabou perdendo a posição para Jean-Luc van den Heede), para chegar em Les Sables d’Olonne  como o grande vencedor.

Classificação final na 2ª Vendée Globe

 
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O canadense Gerry Roufs, que desapareceria nas águas geladas do Sul, durante a terceira Vendée Globe

O canadense Gerry Roufs, que desapareceria nas águas geladas do Sul, durante a terceira Vendée Globe

Terceira edição (1996/97) – Apesar da perda de dois velejadores na Vendée Globe anterior, cresceu muito o entusiasmo para o desafio de volta ao mundo sem escalas em 1996/97. Além da flotilha francesa, com dez barcos, estavam presentes dois ingleses (Pete Goss e Tony Bullimore), um canadense (Gerry Roufs), um húngaro (Nandor Fa) e um belga (Patrick de Radiguès). Pela primeira vez, a regata abrira espaço para os barcos IMOCA de 60 pés, embora alguns participantes competissem com veleiros de 50 pés.

Logo após a largada, uma tempestade com ventos de 40 nós e rajadas de 50 atingiu o Golfo da Biscaia, com um dos veleiros franceses perdendo o mastro, além de dois navegadores, o britânico Tony Bullimore e o húngaro Nandor Fa, retornando a Les Sables d’Olonne  para reparos. Quando os competidores passaram pelas Ilhas Canárias, Yves Parlier, Isabelle Autissier e Christophe Auguin foram ganhando vantagem dos demais, e ao chegarem aos Roaring Forties (40 Bramadores, como ficou conhecida a região da latitude 40 graus Sul, onde os ventos “rugem”), estavam com mais de 400 milhas de vantagem para o canadense Gerry Roufs, em quarto lugar.

O veleiro de Isabelle Autissier sofreu dano no leme e ela precisou arribar na Cidade do Cabo, na África do Sul. Outros veleiros também foram obrigados a se refugiar nessa cidade. Dias depois, foi a vez de Yves Parlier sofrer danos em seu barco e ter de se dirigir para Perth (Austrália). Assim, Christophe Auguin seguiu sozinho na liderança, com ampla vantagem, aproveitando os ventos fortes de uma depressão para avançar.

O canadense Gerry Roufs informou ter encontrado icebergs na latitude 47 graus Sul, e, pouco depois, todos os veleiros foram atingidos por uma violenta tempestade. Foi quando o Arcachon de Raphaël Dinelli capotou e começou a afundar. O inglês Pete Goss era o mais próximo, e decidiu abandonar a regata, desviando de sua rota para resgatar o francês. Encontrou ventos de 70 nós e ondas de dez metros pela proa, levando dois dias para vencer as 150 milhas que os separavam, sempre contra o vento.

Enquanto isso, o canadense Gerry Roufs pedia ajuda. Por rádio, a organização solicitou a quatro competidores que procurassem pelo canadense, mas em vão. Ele e seu veleiro desapareceram sob ventos de 80 nós. Sua última mensagem dizia que as ondas “não pareciam mais ondas, eram como montanhas”. A francesa Isabelle Autissier, que atendeu ao chamado da organização, navegando próxima ao local do naufrágio, desolada, enviou uma mensagem para a organização: “É como uma guerra... Mar enorme... Não encontro o Gerry... Acredito que tenha capotado”. Seis meses mais tarde, o que restou do barco de Gerry Roufs foi localizado encalhado perto da costa do Chile, na Ilha Atalaya, milhares de milhas distante.

Nessa mesma tempestade, o francês Thierry Dubois e o inglês Tony Bullimore capotaram próximos (apenas 15 milhas os separavam), ao sul da Austrália, sob ventos de 65 a 70 nós (120 a 130 km/h)! Bullimore teve tempo de acionar o sinal de socorro, mas com o barco emborcado, salvou-se apenas graças a uma “bolsa” de ar sob o veleiro capotado, onde ficou até chegar o resgate. Dubois foi salvo ao ser avistado por um avião da marinha australiana, que lançou um bote salva-vidas. Ambos foram resgatados por um navio de guerra australiano.

Com enorme vantagem ao se aproximar do final da regata, Christophe Auguin venceu com facilidade. Dos 15 barcos oficiais e um participante “pirata” — Ralphaël Dinelli, que tentara se inscrever e fora reprovado pela organização, mas largara assim mesmo, por conta própria, sem validade para a regata —, apenas seis concluíram a Vendée Globe de 1996/97. Entre os que conseguiram, estava Catherine Chabaud, tornando-se a primeira mulher a dar a volta ao mundo sem escalas. Inesquecível a solidariedade do inglês Pete Goss, que abandonou a competição para salvar o francês Raphaël Dinelli.

Classificação final na 3ª Vendée Globe

 
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Ellen MacArthur, a jovem inglesa que chegou fazendo história

Ellen MacArthur, a jovem inglesa que chegou fazendo história

Quarta edição (2000/01) - Para a quarta Vendée Globe, foram inscritos 24 veleiros, dos quais 15 completaram a volta ao mundo. O fator segurança, após os problemas em 1996/97, recebeu grande atenção dos organizadores, e os projetistas da classe IMOCA deram mais ênfase à robustez dos veleiros. A partir desta edição, o evento tornou-se realmente global. Embora ainda predominassem navegadores franceses entre os inscritos, desta vez houve onze cmpetidores de outras nacionalidades, vindos da Bélgica, Itália, Espanha, Suíça, Rússia e Inglaterra.

Isabelle Autissier, que procurara em vão pelo canadense Gerry Roufs na edição anterior, desistiu de participar, mas recomendou ao seu patrocinador outro navegador francês, Michel Desjoyeaux. Assim, este foi escolhido e logo deixava seu recado: “Não sou um aventureiro, sou um navegador”. E que navegador, pois acabou vencendo a regata — mais tarde, tornaria-se o único a conseguir duas vitórias na Vendée Globe, ganhando, com isso, a alcunha de “professor”.

Apesar da saída de Isabelle Autissier, mais duas mulheres apresentaram-se para a Vendée Globe de 2001/02: a francesa Catherine Chabaud e uma jovem inglesa, Ellen MacArthur, de apenas 24 anos, que logo se tornou favorita da imprensa e do público. Para a regata, os favoritos, além de Desjoyeaux, eram o inglês Mike Golding e os franceses Yves Parlier e Roland Jourdain.

Após os primeiros quinze dias de competição, já havia quatro abandonos. O líder, navegando ao largo do Uruguai, era Yves Parlier, seguido de Michel Desjoyeaux e Roland Jourdain. Para alegria da torcida e imprensa, Ellen MacArthur vinha em quarto lugar, e partindo para cima dos três. Logo eles desceriam para a região dos temidos Roaring Forties, nas altas latitudes, desafiando tempestades e icebergs.

Com mais de metade da regata percorrida, perto da Nova Zelândia, Yves Parlier teve o mastro quebrado, cedendo a liderança para Desjoyeaux, sempre seguido por Jourdain. Contudo, a persistência de Parlier faria história na regata. Ele conseguiu chegar à Ilha Steward, ancorando numa praia, e depois de dez dias de trabalho, improvisou um mastro de fortuna e partiu novamente. Não foi desclassificado, pois nunca desceu além da linha de maré, onde ia para pescar moluscos durante o período — e realizou tudo sozinho. Conseguiu completar a volta ao mundo em 126 dias.

O líder, Michel Desjoyeax, com problemas no motor que gerava energia para piloto automático e instrumentos de navegação, em vídeo apareceu desesperado, às lagrimas, pois provavelmente teria de desistir quando liderava o evento. Contudo, num momento de inspiração, com roldanas presas ao motor e um gybe (manobra de mudança de direção com a proa a favor do vento, fazendo a vela trocar rapidamente de lado), conseguiu improvisar uma “puxada” forte que fez o motor funcionar novamente.

Enquanto isso, a inglesinha Ellen MacArthur passou por Jourdain (que reduziu a área vélica devido a um dano no mastro) e assumiu o segundo lugar, antes do Cabo Horn. Em 10 de janeiro, o “professor” cruzou o Horn 600 milhas à frente da inglesa e do restante da flotilha. Contudo, com ventos erráticos na região da alta pressão do Atlântico Sul, ao cruzar a linha do equador Michel Desjoyeauxs se deparou lado a lado com Ellen. A imprensa delirava com o desempenho da jovem inglesa. Mas, para sorte do francês, o barco de Ellen sofreu pequenos danos e Desjoyeaux ainda conseguiu uma rota superior, com ventos melhores, vencendo assim, com o veleiro PRB, a quarta edição da Vendée Globe.

Na chegada, Desjoyeaux chorou ao encontrar uma recepção incrível, com milhares de pessoas no porto de Les Sables d’Olonne. Assim como a simpática Ellen MacArthur, por ter conseguido um feito inesperado: ser a vice-campeã da Vendée Globe 2000-2001!

Os dez primeiros colocados na 4ª Vendée Globe

 
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Vincent Riou, o vencedor da quinta Vendée Globe. Foto: Benoît Stichelbaut/DPPI

Vincent Riou, o vencedor da quinta Vendée Globe. Foto: Benoît Stichelbaut/DPPI

Quinta edição(2004/05) - Esta Vendée Globe teve início com 20 participantes representando a França, Inglaterra, Estados Unidos, Austrália, Suíça e Áustria, dos quais 13 completaram a regata (o australiano Nick Moloney largaria atrasado e abandonaria na costa brasileira). Duas mulheres participaram, ambas francesas: Anne Liardet e Karen Leibovici. Nada menos que trezentas mil pessoas acompanharam a largada, no porto e litoral próximo a Les Sables d’Olonne . O desenrolar foi dos mais tranquilos, terminando sem grandes incidentes, com um duelo épico pela vitória entre dois velejadores franceses e um inglês.

Com ventos favoráveis, após quatro dias de regata, seis veleiros já haviam deixado as Ilhas Canárias para trás. Os franceses Vicent Riou e Jean Le Cam, e o inglês Mike Golding, que protagonizariam a grande disputa pela vitória, logo se destacaram dos demais, em companhia do também francês Roland Jourdain (terceiro na Vendée Globe anterior). Ao dobrarem o Cabo da Boa Esperança, Riou e Le Cam abriram vantagem sobre o inglês.

Nas altas latitudes Sul, a partir dos Cuarenta Bramadores, começaram os abandonos. O primeiro foi do inglês Alex Thomson, seguido do suíço Norbert Sedlacek. Já no Oceano Índico, continuavam Riou e Le Cam disparando na frente, enquanto seus perseguidores mais temidos, entre eles Roland Jourdain, sofriam sérias avarias e desistiam. Contudo, o inglês Mike Golding, persistia e os vinha seguindo de perto. Uma curiosidade: o bem-humorado Jean Le Cam começou a criar apelidos para seus adversários, sempre referindo-se a Golding como “Goldfinger” e Riou como “Vincent, the Terrible”. Tanto que ao final da regata, Vicent Riou passou a ser conhecido como “le Terrible” pelos franceses.

Le Cam foi o primeiro a dobrar o cabo Horn, com Riou e Golding logo em seguida (o inglês conseguira tirar a diferença e estava muito próximo). Contudo, Le Cam foi pego num sistema de alta pressão, e acabou ultrapassado por Golding. No trecho final, já no hemisfério norte, para sorte do francês, o Ecover, o veleiro do inglês, perdeu a quilha. Surpreendentemente, Golding continuou levando seu barco assim mesmo, para terminar num incrível terceiro lugar, mesmo com seu veleiro sem quilha!

Com isso, a vitória parecia definida para Le Cam, mas Vicent “Terrible” Riou optou por uma estratégia imprevisível, subindo para o norte e ultrapassando a latitude do porto de chegada. Questionado pela escolha, teria respondido: “Não estou preocupado. Continuarei na rota escolhida, mesmo sabendo que é mais longa”. E deu certo. Vicent Riou foi o grande vencedor da Vendée Globe 2004/05.

Os dez primeiros colocados na 5ª Vendée Globe

 
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Sexta edição (2008/09) - Talvez pela tranquilidade do desafio anterior, a sexta Vendée Globe teve recorde de participantes, mas desta feita não correu tudo às mil maravilhas como na regata anterior, pois somente onze veleiros completaram a volta ao mundo, a maioria das desistências por perda do mastro, embora sem consequências mais graves. Houve, contudo, duas ocorrências mais dramáticas. A primeira com o francês Yann Éliès, quebrando a perna e bacia em pleno oceano Índico. A segunda com o resgate de Jean Le Cam, com seu barco VM Matériaux capotado próximo ao Cabo Horn. E novamente Michel Desjoyeaux venceu, agora com o Foncia, tornando-se o único velejador com duas vitórias na Vendée Globe, mesmo tendo retornado a Les Sables d’Olonne  pouco depois da largada para reparos em seu barco, e largando dias depois.

Na época, a Vendée Globe de 2008/09 foi chamada de “a regata do século”, em razão da participação de trinta veleiros com os melhores navegadores de oceano do mundo (havia, entre os 17 franceses inscritos, dois vencedores das edições anteriores, Vincent Riou e Michel Desjoyeaux, e mais 13 barcos de diversos países).

Logo após a partida, todos tiveram de provar a que vinham, enfrentando uma violenta tempestade no temido Golfo da Biscaia. O inglês Alex Thomson e os franceses Kito de Pavant e Yannick Bestaven abandonaram apenas dois dias depois da largada! O veleiro de outro francês, Marc Thiercelin, perdeu o mastro no terceiro dia. Cinco barcos retornaram a Les Sables d’Olonne  para reparos, entre eles o de Desjoyeaux, que reiniciou a regata com mais de dois dias de atraso em relação aos veleiros que conseguiram suportar a tempestade.

O francês Loïck Peyron cruzou o equador como líder, seguido de um grupo de respeito, com Vincent Riou, Armel Le Cléac’h, Sébastien Josse e outros. Na altura dos Cuarenta Bramadores, encontraram os temidos ventos da região e ondas muito altas. Peyron e Josse ampliaram a vantagem, enquanto Michel Desjoyeax dava início a sua recuperação, aproximando-se a cem milhas dos líderes.

Ao sul do oceano Índico, mais uma forte tempestade atingiu a flotilha, com os ventos derrubando os mastros dos veleiros de Loïck Peyron e de Mike Golding, e obrigando ainda outros barcos ao abandono. Mas o grande drama aconteceu com Yann Eliès, que estava entre os primeiros quando quebrou a perna e a bacia numa manobra com seu barco Generali, 800 milhas ao sul da Austrália. Ele estava no convés, e foi preciso um grande esforço, suportando fortes dores, para conseguir se refugiar dentro da cabine. Ali ficou por dois dias, até ser resgatado por um navio da marinha australiana. Depois de passar por cirurgia e um longo período de fisioterapia, ele se recuperou, mas seu barco foi perdido.

Enquanto isso, ao sul do Pacífico, Michel Desjoyeaux conseguiu a incrível façanha de tomar a liderança; apenas Roland Jourdain e Jean Le Cam conseguiam acompanhá-lo. O veleiro de Desjoyeaux cruzou o Cabo Horn com quatro horas de vantagem para Roland Jourdain e Jean Le Cam. Foi quando se soube que o barco de Le Cam capotara a 200 milhas do Horn. O velejador francês não transmitia notícias, então Vincent Riou e Armel L’Cleac’h desviaram para procurá-lo. Riou foi o primeiro a encontrá-lo, e, embora o veleiro estivesse muito avariado, Le Cam estava bem e a bordo. Contudo, na tentativa de transferência de Le Cam para o barco de Riou, houve um choque e o PRB de Riou perdeu o mastro um dia depois em função desse contato. Pela primeira vez na história da Vendée Globe, o júri decidiu dar como classificado na Vendée Globe um competidor, Vincent Riou, mesmo sem este tê-la terminado, por seus esforços para salvar Le Cam — Riou ficou com o quarto lugar, pois levou-se em conta o seu desempenho antes do acidente.

Enquanto isso, na subida do Atlântico, a luta entre Michel Desjoyeaux e Roland Jourdain chegava ao clímax quando o veleiro de Jourdain chocou-se contra uma baleia! Mesmo assim, continuou na regata, mas a sorte não o ajudou; dias depois, perdeu a quilha e teve de abandonar. Com isso, Michel Desjoyeaux, mais confortável, venceu a Vendée Globe 2008/09 com o Foncia.

Os dez primeiros colocados na 6ª Vendée Globe

 
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François Gabart velejando no seu Macif, meses antes da largada para a volta ao mundo que ele terminaria em menos de 80 dias, quebrando o tempo recorde da regata.

François Gabart velejando no seu Macif, meses antes da largada para a volta ao mundo que ele terminaria em menos de 80 dias, quebrando o tempo recorde da regata.

Sétima Edição (2012/13) – Esta Vendée Globe ficou na história como a mais disputada, com um incrível duelo entre os dois primeiros, François Gabart (Macif) e Armel Le Cléac’h (Banque Populaire), com o Macif chegando apenas três horas à frente do Banque Populaire. Dos vinte competidores que largaram, apenas onze terminaram, com o Hugo Boss, de Alex Thomson, em terceiro lugar, e um incrível Jean-Pierre Dick finalizando em quarto com seu Virbac Paprec 3 (o veleiro perdera a quilha dias antes!).

No dia 10 de novembro de 2012, barcos e velejadores estavam prontos para a largada, entre eles uma única mulher, a inglesa Samantha Davies. Entre os favoritos estavam Vincent Riou (PRB), Marc Guillemot (Safran), Armel Le Cléac’h (Banque Populaire), Jean Le Cam (Synerciel), Mike Golding (Gamesa) e François Gabart (Macif).

Logo após o tiro de partida, um dos favoritos, Marc Guillemot, viu-se obrigado a abandonar quando seu barco perdeu a quilha, enquanto Bertrand de Broc também teve problemas, retornou a Les Sables d’Olonne , mas pôde voltar à competição. No Golfo da Biscaia, quatro competidores destacavam-se: François Gabart, Armel Le Cléac’h, Jean Pierre Dick e Bernard Stamm. E como se fosse uma tradição, o maior número de abandonos ocorreu nos primeiros dias — dois por choques contra traineiras de pesca; o veleiro de Samantha Davies perdeu o mastro; e outros foram obrigados a deixar por motivos diversos. No total, contaram-se seis abandonos nos dez primeiros dias da competição.

Na altura das Ilhas Canárias, eram seis competidores disputando a liderança: Armel Le Cléac’h, François Gabart, Jean-Pierre Dick, Vicent Riou, Bernard Stamm e Alex Thomson. Já na linha do equador e descendo para as altas latitudes, destacou-se Armel Le Cléac’h, com cinco horas de vantagem sobre os demais. O grupo dianteiro navegava com desempenho superior a 500 milhas diárias! Contudo, outro dos favoritos, Vincent Riou, abandonou depois de seu PRB chocar-se com uma bóia de sinalização à deriva, ao largo da costa brasileira.

Armel Le Cléac’h dobrou o cabo da Boa Esperança mantendo vantagem de três horas a seis horas sobre os demais do grupo dianteiro. E ao longo do Oceano Índico, intensificou-se a disputa entre os barcos, navegando entre 20 e 22 nós, com François Gabart estabelecendo um novo recorde para 24 horas de navegação (singradura), percorrendo 543 milhas! Assim, ficou muito próximo de Armel Le Cleac’h. E aos poucos, os dois foram se destacando dos demais, a ponto de, a partir da altura da Austrália, firmarem uma vantagem de mais de 300 milhas para o terceiro colocado, Jean-Pierre Dick, este seguido de perto pelo inglês Alex Thomson. A presença do inglês foi útil quando o barco de Jean-Pierre Dick perdeu a quilha, na subida do Atlântico, com Alex Thomson permanecendo propositalmente ao lado do francês para auxiliá-lo em caso de problemas mais sérios. Mas Jean-Pierre pediu para o inglês seguir adiante, “Obrigado, Alex, mas vá em frente pelo teu terceiro lugar”.

Enquanto isso, o Macif tomava a liderança do Banque Populaire para não mais perdê-la. Então, em 27 de janeiro de 2013, François Gabart cruzou a linha de chegada, sob aplausos de uma multidão postada ao longo do litoral de Les Sables d’Olonne . Três horas depois, foi a vez de Armel Le Cléac’h, enquanto o inglês Alex Thomson, garantia sua terceira posição com seu Hugo Boss, chegando dois dias e 17 horas após Le Cléac’h, e Jean-Pierre Dick terminava surpreendentemente em quarto lugar com o Virbac Paprek, mesmo sem a quilha!

Os dez primeiros colocados na 7ª Vendée Globe

 
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Armel Le Cléac’h: vitoria, finalmente, e com recorde. Foto: Vincent Curutchet - DPPI

Armel Le Cléac’h: vitoria, finalmente, e com recorde. Foto: Vincent Curutchet - DPPI

Oitava edição (2016/17) – Finalmente, chegou a merecida vez do francês Armel Le Cléac’h conquistar a vitória com seu veleiro Banque Populaire, depois de conseguir, por duas vezes, o título de vice-campeão nas regatas anteriores. Le Cléac’h estabeleceu ainda um novo recorde para a regata, completando a volta ao mundo em 74 dias, 03 horas, 35 minutos e 46 segundos. Desta vez, largaram 29 veleiros (aproximadamente metade deles pilotados por veteranos das edições anteriores), com 18 conseguindo cruzar a linha de chegada.

Como na sétima edição da Vendée Globe, dois participantes destacaram-se e lutaram pela vitória. Contudo, embora o inglês Alex Thomson tenha liderado até o Oceano Pacífico com seu Hugo Boss, ali foi ultrapassado pelo persistente francês Armel Le Cléac’h, que manteve a liderança dali até o fim com seu Banque Populaire, chegando a Les Sables d’Olonne com 13 horas de vantagem sobre Alex Thomson.

A largada, desta vez, teve ventos favoráveis para a flotilha. Apenas um barco retornou ao porto para reparos, o do espanhol Didac Costa, que continuou na disputa poucos dias depois. O único desistente, perto das Ilhas Canárias, foi o francês Tanguy de Lamotte, com danos no mastro.

Na descida do Atlântico, o Hugo Boss destacou-se graças à estratégia de Alex Thomson de seguir mais por leste que os demais, conseguindo melhor ângulo de vento, posteriormente, nos alísios do Atlântico Sul. O grupo principal já era liderado por Armel Le Cléac’h, seguido pelos veteranos Vincent Riou, Jérémie Beyou e Sébastien Josse, e os novatos Paul Meilhat e Morgan Lagravière. O Banque Populaire foi o primeiro veleiro a se livrar do sistema de alta pressão do Atlântico Sul (onde imperam ventos fracos), adiantando-se ao grupo.

Logo Armel Le Cléac’h aproximou-se de Alex Thomson. Contudo, o Hugo Boss mantinha uma vantagem de cinco horas sobre o Banque Populaire quando passaram pelo Cabo da Boa Esperança. A vantagem de Thomson e Le Cléac’h, naquele momento, já era de mais de um dia de navegação sobre o terceiro colocado, Sébastien Josse, e dois dias sobre os quarto e quinto colocados, Paul Meilhat e Jérémie Beyou!

Mais atrasados, vários barcos sofreram danos e abandonaram. Aconteceu, inclusive, um naufrágio, quando o veleiro Groupe Bel, do francês Kito de Pavant, bateu num objeto flutuante não identificado (para sua sorte, um navio francês, Marion Dufresne, estava próximo e chegou a tempo de resgatá-lo). No Oceano Pacífico, várias embarcações que estavam bem posicionadas acabaram abandonando. Com isso, o francês Jean-Pierre Dick aproveitou-se, conseguindo alcançar o quarto lugar antes do Cabo Horn, embora uma semana atrás dos líderes!

Foi no Oceano Pacífico também que Armel Le Cléac’h conseguiu superar Alex Thomson, assumindo o primeiro lugar. Ao passar pelo Cabo Horn, a vantagem de Le Cléac’h já era de dois dias. Desde a Vendée Globe de 2004/05, o primeiro barco a chegar ao Horn vencia a regata. Assim, o Banque Populaire poderia já ser considerado vitorioso se a tradição contasse, mas... uma calmaria desde a região da Terra do Fogo até o norte da Argentina levou o Hugo Boss a apenas trinta milhas de distância do líder. Contudo, os ventos fracos chegaram ao inglês da mesma forma, e assim Le Cléac’h conseguiu ampliar novamente a vantagem — mas não como antes, sendo continuamente atacado por Alex Thomson.

Após várias participações na Vendée Globe, Le Cléac’h só teve certeza da vitória na oitava edição desta dificílima competição um dia antes de chegar a Les Sables d’Olonne. O também experiente Alex Thomson, conseguindo excelente desempenho com seu barco Hugo Boss, terminou em segundo lugar. Em terceiro, ficou o francês Jérémie Beyou. Já o neo-zelandês Conrad Colman, com o mastro do veleiro quebrado em frente à costa de Portugal, improvisou um de fortuna e conseguiu terminar a volta ao mundo, embora com grande atraso.

Os dez primeiros colocados na 8ª Vendée Globe

 
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Os vencedores das oito edições anteriores da Vendée Globe

 
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Vídeos da Vendée Globe