Turcos
Foto: Mozart Latorre/Minuto Náutico
Turcos
para segurar e soltar o caíque
As colunas em forma de L na popa, geralmente metálicas e fixas, chamadas “turcos”, facilitam muito o uso do bote de apoio
Essencial em caso de emergência, o bote de apoio, conhecido como “caíque”, é a melhor maneira para ir do barco até a praia sem ter que nadar, quando se ancora longe de um píer — uma prancha ou um caiaque podem até cumprir essa função, mas não com o mesmo conforto e, principalmente, não com a mesma capacidade de transporte de um caíque inflável ou rígido. Isso explica por que essa pequena embarcação de apoio faz parte do equipamento da maioria dos barcos a partir de 25 pés, pois o calado não lhes permite chegar até a terra firme.
No mercado nacional, há caíques (geralmente infláveis) a partir de 1,8 m de comprimento, que pesam menos de 25 kg e que podem levar até duas pessoas. Um bote inflável pequeno, de até 2 m de comprimento, pode ser içado com relativa facilidade até mesmo por uma só pessoa e amarrado na plataforma de popa ou no convés na proa. Já botes infláveis maiores são também mais pesados e requerem aparelhos para facilitar sua acomodação a bordo.
Por exemplo, um bote inflável com fundo de fibra da marca Flexboat, de 2,25 m de comprimento pesa em torno de 36 kg. Acrescentando cerca de 15 kg, que é o peso de um motor de popa de 3,5 hp, compatível com um bote como esse, chega-se a levantar mais de 50 kg da água, o que não é mais uma tarefa tão fácil. É aqui que entram em cena os incomparáveis turcos — colunas fixas em L, feitas de aço inox, alumínio ou fibra de carbono, instaladas na popa do barco —, usados para deixar o caíque pronto para o uso e, principalmente, para facilitar a sua colocação e sua retirada da água, por um sistema de içamento com cabos e roldanas, que reduzem imensamente o esforço necessário em tais operações.
Imagine uma situação de emergência, com risco iminente de naufrágio: se o barco não tiver uma balsa de abandono, o modo mais rápido de colocar o caíque na água é usando um bom par de turcos, exceto se a sua lancha tiver uma plataforma de popa submersível — atualmente, boa parte das lanchas construídas no Brasil, geralmente acima de 40 pés, tem como acessório opcional uma plataforma de popa submersível e com um berço próprio para levar o bote de apoio, que, assim, é colocado e tirado da água ao toque de um botão.
Agora, se o seu barco não tiver plataforma submersível, como escolher os turcos ideais? Antes de tudo, é preciso encontrar, na extremidade de popa do convés principal, o lugar onde serão instalados. Acredite: dependendo do tipo e da idade do barco, principalmente os de comprimento abaixo de 32 pés com motor de centro, essa tarefa pode não ser fácil. Isso porque, muitas vezes, a popa não tem estrutura para receber tal equipamento. Nesse caso, é necessário um estudo de viabilidade, sabendo que, muito provavelmente, o custo da instalação será alto, podendo sair mais caro que os próprios turcos. Deve-se levar em conta o peso do conjunto, incluindo os turcos, os acessórios de instalação, o bote de apoio e o motor de popa dele (se houver).
Se a estrutrura do casco na popa não for resistente o bastante para receber toda essa carga, a dica para baratear o custo da instalação, é fixar os turcos na própria plataforma de popa, já que que esta parte do barco é feita para suportar o peso de pelo menos duas pessoas. Esse tipo de arranjo pode não ficar tão bonito quanto o tradicional, mas é muito mais prático. Para instalar os turcos na plataforma, basta fixar as bases com parafusos de aço inox passantes e prender as colunas na parte mais alta possível do espelho de popa, somente para que não balancem.
Donos de lanchas com plataforma de popa fixa longa preferem, na maior parte das vezes, um outro equipamento para prender o caíque no barco, composto por duas alças metálicas muito bem coladas no inflável e, fixados na extremidade da plataforma, dois mosquetões de aço inox que têm um pino móvel com mola (como muitos chaveiros). Ao aproximar o caíque da lancha, basta prender os mosquetões nas alças e, usando um ou dois cabos, girar o bote para cima da plataforma. Para essa operação, é preciso retirar o motor do bote, e essa é a parte mais chata, pois as marolas tendem a fazer a gente perder o equilíbrio, já que nesse momento se está tentando levar o tal motor para dentro da lancha. Com os turcos, não há essa inconveniência.
Pela Internet, encontram-se turcos prontos, porém são todos importados e, há, além do custo do frete, o imposto de importação, o que pode inviabilizar a compra. Nesse caso, então, a solução mais em conta é contratar um bom serralheiro naval na região onde está o barco e encomendar os turcos, geralmente em aço inox, sob medida. Acredite: sua vida a bordo fica muito mais fácil quando há uma maneira de colocar e tirar o caíque rapidamente da água e, nesse aspecto, nada supera a praticidade dos turcos.
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