YSV (Yacht Support Vessels)

O YSV Axis, que atende o iate Gigi, a boreste dele. Foto: ₢Jim Raycroft - Damen

Além da imaginação 

YSV (Yacht Support Vessels)

Por Alvaro Otranto

 Se você for bilionário talvez um único superiate não seja suficiente para satisfazê-lo nos passeios. Foi por isto que surgiram os estupendos yacht support vessels

Suponha que você seja um velejador bilionário, proprietário de um gigaiate a vela. Certamente, seu barco irá necessitar de uma enorme tripulação para manobrar velas imensas durante uma série de regatas no litoral da Sardenha. Porém, quando a noite cai, você gosta de usufruir seu belo barco com tranquilidade e não quer ficar dando cabeçadas com um monte de garotos cabeludos.

Nestas horas, torna-se indispensável um barco de apoio. Não um apoio qualquer: você mandará fundear nas proximidades o seu Sea Axe. Um verdadeiro navio de apoio offshore adaptado para o suporte de iates de grande porte. Não estamos falando de um rebocador, mas de uma elegante embarcação de mais de 60 metros — eu disse que você era bilionário — dotada de todas as facilidades.

Neste YSV (Yacht Support Vessel, navio de apoio de iate) você irá manter acomodações para seus tripulantes-velejadores, oficinas completas e capazes de atender reparos de inox, velaria, marcenaria ou laminação. Sem falar em elétrica, hidráulica e mesmo mecânica.

Em vez de manter a bordo equipamentos e pesados sobressalentes, você utilizará seu YSV para transportar sua lavanderia, combustível de reserva, comida e bebida em grandes quantidades e até cabos de aço, velas de vários tamanhos e até mesmo mastro e retranca de reserva. Para os serviços, sua “shadow” (a embarcação que o acompanha como uma sombra) pode ser equipada com um gigantesco braço mecânico.

Se quiser se divertir de outra forma nos intervalos, barcos de apoio de várias toneladas podem seguir a bordo, assim como motos aquáticas e botes de vários tamanhos e finalidades. Ao cair da tarde, enquanto você escuta um piano e toma um champanhe de guarda, a garotada ruidosa faz suas refeições em um dos refeitórios do seu iate auxiliar. Tudo em nome do seu conforto.

Pode parecer uma novidade, mas desde 2012 o estaleiro holandês Amels/Damen — o mesmo de onde saiu o nosso Cisne Branco, o elegante navio veleiro da Marinha do Brasil — comercializa tal tipo de embarcação com relativo sucesso. A bem da verdade, não é qualquer proprietário de iate que pode se dispor a adquirir um destes barcos, mas de toda forma não são tão poucos assim.

Como exemplo, o YSV Garçon foi encomendado para dar apoio ao ACE, megaiate de 87 metros e 28 tripulantes que atendem a seu proprietário e alguns poucos convidados, construído pelo estaleiro alemão Lürssen e que está entre os mais elegantes do planeta.

O Garçon, por sua vez, é empurrado por quatro motores Cat de 1.910 hp cada um, cruza a honestos 17 nós e leva em seu bojo 42.000 litros de água e outros 350.000 litros de combustível, seja ele o diesel para seus próprios motores ou do iate-mãe; gasolina para as lanchas e botes; e até o chamado “querosene de aviação” para abastecer o helicóptero Bell 365 que leva em seu heliponto.

Se você computar os quase 30 tripulantes e 12 passageiros do ACE e somar os mais de 20 do Garçon, que ainda pode levar outros 10 convidados em confortáveis cabines, verá que esta pequena multidão de mais de setenta pessoas pode realizar longas viagens ao redor do mundo com total luxo e grandeza.

Pense bem: uma lancha de porte médio, entre 50 e 60 pés, tem um ou dois tripulantes, e já tomam tempo e recursos. Aqui falamos em administrar 50 tripulantes embarcados e outros tantos de folga ou férias, ao menos dois comandantes em revezamento em cada embarcação e um orçamento de vários milhões de euros por ano. Nada mal para qualquer bilionário que se preze.

Neste momento, pergunto a mim mesmo qual será a próxima criação dos profissionais do iatismo de luxo. Talvez um mini porta-aviões, porque iate submarino já foi projetado e dentro de pouco tempo poderá estar singrando as profundezas, para Júlio Verne nenhum botar defeito.


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