Serviço de bordo
Com quantos tripulantes
se faz um iate de luxo?
Por Alvaro Otranto
A partir de 60 pés, um barco já requer três ajudantes, sendo um deles capaz de preparar pratos rápidos e drinques, e, daí pra cima, a tripulação só aumenta, podendo chegar às dezenas de profissionais
Em qualquer atividade profissional, quanto maior o estabelecimento e seu grau de exigência, maior e mais capacitada deverá ser a sua equipe. Em um iate, essa regra é geometricamente progressiva.
Pequenas lanchas têm, quando muito, uma pessoa que atende vários barcos, que, conforme crescem de tamanho e dependendo do grau de envolvimento de seus proprietários, passam a ter um tripulante próprio, o chamado marinheiro. Ao chegar aos 40-50 pés (12-15m), serão necessários um marinheiro e um ajudante.
Quanto mais o barco cresce, mais se espera dele. Na casa dos 60-70pés (18-21m), passa a fazer falta um terceiro tripulante, com funções de ajudante e copeiro, para auxiliar nas manobras de convés, cuidar da limpeza e arrumação internas e preparar os pratos rápidos da cozinha — camarões ao alho e óleo, canapés, sanduíches, saladas de frutas e drinques variados começam a fazer parte do que se espera de um passeio em um barco deste porte, algumas vezes até bem mais.
Ao chegar aos 80-100 pés (24-30m), as coisas realmente começam a ficar mais complexas. Uma tripulação em condições de bem atender já deve consistir em capitão, marinheiro de convés, marinheiro de máquinas, ajudante e cozinheiro. Barcos deste porte costumam empreender viagens com passageiros, ou estadias mais longas, que exigem um grau de atendimento bem mais sofisticado.
Dos 100 aos 120 pés (30,5-36,5m), teremos cerca de oito tripulantes. Além dos mencionados acima, embarcamos duas camareiras e mais um ajudante de convés, pois a área a ser limpa e organizada aumenta demasiadamente. Alguns iates deste porte já embarcam dois cozinheiros, um para o proprietário e outro apenas para a tripulação.
Fora do Brasil, os iates são bem maiores que isso. Um gigaiate de 500 pés (como o Eclipse) pode ter mais de 70 tripulantes! Capitão, imediato e outros dois oficiais de navegação (mates), chefe de máquinas e mais dois ou três auxiliares de máquinas, eletricista, encarregado de TI (tecnologia de informação, pois as redes são complexas), o bosun (um tipo de faz-tudo), o chefe de cozinha do proprietário e o da tripulação, ambos com auxiliares, marinheiros e auxiliares de convés, camareiras, auxiliares de lavanderia, barman e taifeiros (garçons), além de — pasme — personal trainers, massagistas, cabelereira-manicure, pescadores “esportivos” profissionais, instrutores de mergulho e, em muitos casos, os pilotos de helicóptero e até de minissubmarino.
Existem empresas especializadas em contratar, treinar e organizar essas tripulações. Com um orçamento multimilionário, alguns iates que costumam rodar muito, contam com tripulantes e até tripulações de reserva, porque estas pessoas trabalham sem horário de expediente por semanas a fio, obrigando a um sistema de folga, que inclui o traslado destes tripulantes de volta para casa, assim como o envio dos substitutos mundo afora.
Estes são exemplos de como, à medida que os barcos crescem, é preciso incorporar mais pessoas capacitadas à tripulação, que, em contrapartida, tornará a experiência da navegação cada vez mais completa e prazerosa.
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