Vendée Globe Real e Virtual - 6-1-2021

O surpreendente Louis Burton (Bureau Vallée 2), uma grande ameaça aos líderes

O surpreendente Louis Burton (Bureau Vallée 2), uma grande ameaça aos líderes

Sem alarde, o come-quieto está chegando…

E seu nome é Bureau Vallée 2

Afobado, queimou a largada. Depois teve de pagar duas penalidades. Chegou ao 2º lugar, mas danos o obrigaram a arribar numa ilha. Reparos feitos, voltou. E já está em 5°…

A primeira observação hoje, ao olhar tanto o tracker map no site da Vendée Globe quanto a interface da regata virtual, foi de espanto pelo desempenho de Louis Burton (Bureau Vallée 2). Desde a largada, acompanhando esta regata dia e noite, fico cada vez mais convencido de que este francês está se apresentando com o mais robusto desempenho entre todos os participantes. O fato de ter queimado a largada (e pago penalidade), demostrou como este skipper estava "mordendo a faca", determinado a dar tudo para vencer a Vendée Globe. Além das seis horas pagas por conta de sua pressa, a equipe em terra cometeu um erro que custou mais uma penalidade e quatro horas parado. Com isso, Louis Burton, no Atlântico, ficou no pelotão secundário. Mas já próximo ao Cabo da Boa Esperança começou a mostrar a que veio.

Seu veleiro foi o primeiro a encostar na zona de exclusão de gelo, indo o mais para sul entre todos, sem se importar com os fortes ventos que encontraria nas altas latitudes. Com isso, veio ganhando posições. Ficou entre os 15 primeiros, depois dez primeiros e, próximo do Cabo Leeuwin, já era o segundo. Seu barco era facilmente identificável no tracker map por ser o que navegava sempre no limite sul permitido, sem desviar em nenhum momento de depressões e ventos fortes sob o pretexto de poupar o barco (como fizeram até aqui os três líderes, Maître Coq, Apivia e Linked Out). Mas logo depois de assumir a vice-liderança, a audácia resultou em danos em seu Bureau Vallée 2, e assim Burton foi obrigado a arribar na pequena ilha isolada de Macquarie, no Sul do Pacífico. Depois de um dia e uma noite ancorado, terminou os reparos e comemorou eufórico, como visto em vídeo, no alto do mastro, avisando aos gritos que estava de volta.

E realmente, está de volta. No trecho da ilha Macquarie até o Cabo Horn, recuperou seis posições. E hoje mais uma. Já é o quinto colocado, e pelo que vejo, não vai demorar para assumir o quarto lugar. Vamos prestar atenção em Louis Burton. Até me arrisco a dizer que se o Bureau Valleé 2 não sofrer mais danos (ou penalidades), disputará a liderança da regata nas proximidades da linha do equador.

Sim, esta subida do Atlântico promete. Com trechos de calmarias causados pelas altas pressões sempre presentes nesta época do ano entre 30 e 40 graus Sul, intercaladas com os famosos ventos rugidores, com certeza teremos muitas emoções até o fim desta verdadeira epopeia que está sendo a Vendée Globe 2020-21.

Os virtuais

Os virtuais já estão de volta no hemisfério norte

Os virtuais já estão de volta no hemisfério norte

Uma curiosidade: enquanto os barcos reais estão ainda abaixo dos 35 graus Sul, os líderes dos virtuais já passaram a linha do equador e estão no hemisfério norte, com um tempo compatível com o recorde da regata real. O MinutoNautico entre eles. E isso apesar de os Imoca virtuais estarem “equipados” com polares bem conservadores (inferiores em desempenho) aos reais.

Por que essa diferença? Boa pergunta. Sinceramente, apesar de condições meteorológicas desfavoráveis, acho que os líderes estão cautelosos demais. Já são dez dias de atraso em relação ao recorde de Armel Le Cléac’h, estabelecido na Vendée Globe 2016-17.

O Hugo Boss e o Charal com certeza estão fazendo falta na linha de frente.