Vendée Globe Real e Virtual - 4-11-2021
Sete barcos já cruzaram o Horn
vai começar a batalha do Atlântico!
Bestaven e Dalin rumam para nordeste em busca de melhores ventos, enquanto Ruyant aposta numa rota direta para o norte, antes mesmo das Falklands / Malvinas
Os líderes da Vendée Globe 2020-21 escolheram diferentes estratégias para a subida do Atlântico. Enquanto o Maître Coq e o Apivia aparecem no tracker map rumando para nordeste, seguidos pelo Groupe Apicil, o LinkedOut já está deixando as Ilhas Falkland (Malvinas) para trás. Estes quatro barcos abriram uma boa vantagem sobre os demais do grupo que vem acompanhando a liderança da regata.
O quinto colocado é Benjamin Dutreux (Omia – WaterFamily); o sexto, Louis Burton (Bureau Vallée 2); e em sétimo, surge o veterano Jean Le Cam (Yes We Cam). Estes completam os sete barcos que já venceram o Cabo Horn. Mais quatro veleiros estão muito próximos do Horn e devem contorná-lo ainda esta noite.
Louis Burton (Bureau Vallée 2), depois do susto com as quebras e da escala inesperada na ilha Macquarie para reparos, mostrou que está mesmo muito determinado. Não só voltou a encostar no grupo líder, como já ultrapassou cinco barcos e ocupa hoje a 6º posição: “Tenho muito trabalho a fazer antes de dar um jibe para subir o Atlântico. O vento ainda está forte, mas logo cairá um pouco, e mais ainda conforme subirmos de latitude. Estou muito feliz, o apoio recebido da equipe, de amigos e do público quando parei na ilha para reparar os danos me estimulou a continuar na luta por uma boa posição, mesmo tendo me atrasado bastante. O Atlântico Sul não vai ser fácil pelos ventos fracos, tudo muda e precisaremos nos acostumar novamente a navegar em condições muito diversas. A boa notícia é que não terei de me preocupar tanto em preservar o barco”.
Mulheres em luta contra a adversidade
A inglesa Pip Hare (Medallia), definitivamente, não gosta de perder. Com o barco mais antigo da frota, longe de dispor dos recursos de seus oponentes, vinha fazendo uma ótima regata, elogiada pela imprensa internacional, quando no primeiro dia do ano o anemômetro deixou de funcionar. Com isso, tem problemas para programar o piloto automático e teve de reduzir o velame: “Nunca naveguei com o Medallia deste jeito. Está errado, não consigo relaxar e me sinto muito mal sabendo das milhas que estou perdendo para todos os demais”.
Lamentável também a franco-alemã Isabelle Joschke (MASCF) estar com problemas na quilha de seu barco. Ocupando o primeiro lugar entre as mulheres, e na semana passada chegando a estar em 5º lugar na classificação geral da Vendée Globe, sofreu uma grande decepção quando um problema na quilha surgiu, podendo impedi-la de continuar na competição. Ela e sua equipe lutam para conseguir um modo de reparar o problema. Danos em quilhas sempre foram delicados para veleiros. Esperemos que Isabelle encontre uma solução e continue com sua ótima performance.
Samantha Davies (Initiatives Cœur), embora não mais participando da Vendée Globe depois dos reparos realizados em seu veleiro na Cidade do Cabo, já alcançou os últimos colocados da regata. No momento, o Initiatives Cœur já deixou para trás o Cabo Leeuwin e, também, Sébastien Destremau (Merci) e Ari Huusela (Stark), aproximando-se de Alexia Barrier (TSE - 4My Planet). Claro que em termos esportivos, isso não vale, mas, em termos humanos, é uma satisfação assistir ao avanço da Sam Davies. Principalmente porque é dedicado à ajuda de crianças com problemas congênitos do coração.
Vendée Globe 2020-21 virtual
O mesmo grupo forte e coeso continua na liderança, reunindo os melhores navegadores virtuais e alguns profissionais do mundo real. De vez em quando, paraquedistas surgem em rumos inesperados, assumem como líderes por minutos ou horas, para sumirem logo depois.
Fiquei contente de encontrar um velho rival que havia sumido (aliás, eu também sumira), o quase imbatível MARCHABOB, uma lenda francesa das regatas virtuais. Outros experientes virtuais que haviam sumido retornaram, como o Llyl, o Istishia e outras feras. A Vendée Globe 2020-21 trouxe de volta a nata dos táticos de navegação virtual, e isso é bom.
A classificação entre os brasileiros não tem surpresas, todos os dez primeiros são navegadores de respeito. Meu amigo Francisco Hopker (KikoPR BST) é o líder e se nada anormal acontecer deve ganhar entre os brasileiros. Surpreendentemente, apesar de meio abandonado, meu MinutoNautico se mantém em 12º, embora na geral ocupe a 5.546ª posição.
Apesar de agora saber qual a origem do meu mal-estar recente e já medicado, não pretendo mudar o modo “cruzeiro” de como estou navegando desde que surgiram os problemas. Vou continuar apenas com a ambição de terminar a regata. Boa sorte a todos os brasileiros, espero que nossos líderes consigam finalizar entre, quem sabe, os Top 100. Bons ventos!