Vendée Globe Real e Virtual - 27-11-2020

À tarde, um sorridente, Alex Thomson anunciou o fim dos trabalhos de reparo e sua volta à regata. Depois, no início da noite, informou sua equipe a quebra de um leme.

À tarde, um sorridente, Alex Thomson anunciou o fim dos trabalhos de reparo e sua volta à regata. Depois, no início da noite, informou sua equipe a quebra de um leme.

Novo revés para Thomson

E Ruyant sofre com hidrofólio defeituoso

Os favoritos, ou seja, os navegadores com veleiros mais novos ou sofisticados, são exatamente os que vêm tendo mais problemas nesta Vendée Globe. E ainda nem chegaram aos ventos fortes das altas latitudes

Poucas horas depois de enviar mensagem otimista, comemorando o fim dos reparos na estrutura do casco de seu Hugo Boss (que consumiram quatro dias e noites de trabalho), o inglês Alex Thomson comunicou, laconicamente, a quebra de um leme. Não se tem mais notícias, além de que sua equipe em terra está avaliando o problema através dos dados gerados pelos sensores do veleiro, e será dado um parecer amanhã.

Enquanto isso, o segundo colocado, Thomas Ruyant (Linked Out), comunicou que cortou em dois metros o hidrofólio de bombordo para não ter riscos de danos maiores com a lâmina quebrada. Nesse meio tempo, Kevin Scoffier (PRB) anunciou um problema no GPS, que subitamente acusou 80 nós de vento quando soprava uma brisa leve, fazendo com que o sistema automático do barco realizasse uma manobra perigosa. A sorte, em todos estes casos, foi os barcos não estarem navegando nos tormentosos 40 ou 50 graus sul.

É preciso notar que todos os barcos danificados até o momento foram os mais modernos e sofisticados. A começar pelo Corum L'Epargne, do skipper Nicolas Troussel, um dos favoritos, que perdeu o mastro em menos de uma semana de regata, isso em ventos alísios. O L'Occitane também sofreu danos num impacto contra um objeto não identificado e seu comandante, Armel Tripon, perdeu muito tempo, mas conseguiu continuar. O favorito Hugo Boss, de Alex Thomson, teve problemas estruturais no casco e, agora, em um dos lemes. Um hidrofólio do Linked Out quebrou sem causa aparente e o skipper Thomas Ruyant foi obrigado a cortá-lo, numa manobra de risco (felizmente, com ventos fracos) para continuar com mais segurança na regata. Até onde isso tudo seria má sorte, ou estarão os projetistas e construtores indo muito longe na confiança com a moderna tecnologia? Enfim, isso é uma pergunta para os responsáveis pelos regulamenteos da classe IMOCA discutirem.

Louis Burton (Bureau Vallée) é quem está chamando a atenção, no momento, pela estratégia e rendimento. Esta é sua terceira Vendée Globe, e ele está velejando no barco usado por Armel L'Cléac'h para vencer a última Vendée Globe, de 2016-17. Burton foi o primeiro a procurar o rumo sul direto, e com isto está numa boa posição e com ventos mais fortes e favoráveis. Depois de pagar cinco horas parado por ter queimado a largada, hoje aparece na 8ª posição do ranking e avançando. Sam Davies (Initiatives Cœur) o acompanha de perto, também ao sul, e já subiu para o 9º lugar. A skipper inglesa se prepara para enfrentar os ventos fortes das altas latitudes sul: "Agora, sempre uso o cinto de segurança lá fora. E estou dizendo para mim mesma que esta pode ser a última vez a ver o sol em céu azul, assim verifico se as baterias estão carregadas. Conferi, os painéis solares funcionam bem. E também estou estocando vitamina D ao tomar sol no convés antes de chegar às altas latitudes".

Kevin Escoffier (PRB), 5º colocado, prepara-se para se apropriar dos benefícios de uma frente antecedendo uma forte depressão: "O mundo muda para nós amanhã. Velejaremos adiante de uma depressão, amanhã nos alcança, e teremos de ir o mais forte possível, acompanhando o vento". Sim, amanhã os front runners alcançarão os lendários ventos dos quarenta graus. E uma depressão se aproxima. Vamos acompanhar com atenção.

Nas fotos abaixo, adeus às brisas leves do anticiclone de Santa Helena. E nada como um sakê para comemorar.