Vendée Globe Real e Virtual - 25-11-2020
Vendée Globe Virtual
a hora da verdade
Por Roberto Negraes
Após 17 dias da largada, o ranking oficial mostra os barcos com reais chances para a vitória nesta longa jornada on-line
Finalmente, temos uma classificação apresentando os veleiros virtuais, misturados aos reais, e com melhores condições para disputar a vitória. Assim, começam a aparecer os melhores skippers virtuais da Vendée Globe 2020-21. E estão muito próximos uns dos outros, formando um bloco sólido, onde é difícil entrar — e, a qualquer erro, você cai fora.
Eu praticamente já tinha marcado os principais, mas não dava para saber quais barcos ainda estavam ocultos nas proximidades. O ranking da Vendée Globe virtual dava a liderança para barcos sem quaisquer chances (por estarem mais próximos do Cabo da Boa Esperança), já que estão presos pela calmaria presente no sistema de alta pressão do Atlântico Sul (a chamada Alta, ou anticiclone, de Santa Helena). Erro de iniciantes tentando ir numa linha reta quando se sabe que para veleiros o melhor caminho pode ser bem tortuoso.
Então começa a se expor a realidade, e além dos que eu já havia marcado, encontro muito bem posicionado o SideShow. Ora, é o barco do inglês vencedor da Volvo Ocean Race de 2011-12. A sua presença me traz muitas lembranças; competi durante oito meses nas oito etapas daquela regata, e até a sexta perna meu barco, o RevistaNautica (patrocinado), estava em segundo lugar, na luta direta com o SideShow. Trocávamos mensagens, íamos conversando durante a regata, numa rivalidade amiga. Ele faz parte de uma família de navegadores, o pai com três participações na lendária Whitbread; o irmão, na época, tripulava um barco na disputa da America’s Cup. Ao final, terminei em 5º lugar por diversas razões, e recebi mensagem de solidariedade do inglês, comentando que havia sido injusto, dizendo que eu merecia estar no pódio. Portanto, ao identificá-lo aqui na Vendée Globe, enviei-lhe, de imediato, uma mensagem de saudação.
Enfim, os barcos mais fortes, em minha opinião, pelo posicionamento e desempenho atuais, são o francês La_Sémillante, o sueco Toppen, os suíços Tipapacheri e Buddha, o francês Tessa94 e o inglês SideShow. É claro que outros estão presentes, com diferenças mínimas de meia milha ou menos entre sí (o MinutoNautico incluído). Tudo pode mudar, e irá mudar, a cada atualização de vento (que favorecerá um ou outro barco, numa loteria). Com tantos e tanta proximidade, a sorte será um fator forte no resultado final.
Entre os 1.175 brasileiros inscritos, destaco o KikoPR-BST do amigo Francisco Hopcker, o Fuga9, do carioca Francisco, e outros que não conheço pessoalmente, apenas pelos nomes dos barcos, estão perto e muito bem posicionados. E na luta direta pela vitória. Vamos lá, quem sabe uma bandeira brasileira entre os melhores no final.
Enfim, é como se aqui, perto dos 30 graus sul e 30 graus oeste, começasse a Vendée Globe Virtual para valer. Vamos ver como ficará a situação. São quase 1 milhão de competidores de mais de uma centena de países, muitos deles velejadores profissionais e grandes navegadores do mundo real, como o François Gabart (vencedor da Vendée Globe 2012-13), Loïck Peyron (competiu em três edições da Vendée Globe), Armel Le Cléac'h (vencedor da Vendée Glbe 2016-17) e muitos outros nomes das regatas internacionais, reais, mais destacadas do mundo.
O MinutoNautico, meu barco, está presente, sem dúvida com a ajuda da sorte, no bloco de elite. No momento em que posto esta matéria, está em 140º no ranking. Não vai ser nada fácil, com certeza, daqui para a frente. Então, vamos na luta! Bons ventos a todos!