Vendée Globe Real e Virtual - 20-1-2021
ARRANCADA
PARA LES SABLES D’OLONNE
A menos de uma semana para a chegada da Vendée Globe 2020-21, pelo menos quatro barcos lutam pelo pódio. Contudo, apesar de aparecer em quarto 4º lugar no ranking desta noite, o skipper Louis Burton (Bureau Vallée 2) é apontado, no momento, como favorito à vitória
A arrancada final desta Vendée Globe está emocionante. Nenhuma Vendée Globe anterior mostrou uma conclusão assim, com tantos barcos próximos (provavelmente, os seis primeiros chegarão no mesmo dia). Nunca tivemos um final de regata aberto e intenso. Neste momento, os líderes estão forçando uma arrancada para Les Sables d’Olonne, com menos de uma semana de previsão de chegada. Com Louis Burton (Bureau Vallée 2) à frente, os seguintes mais cotados são Charlie Dalin (Apivia), Thomas Ruyant (Linked Out) e Boris Herrmann (Seaexplorer – Yacht Club de Monaco).
Dizem os boletins de imprensa divulgados pela organização da Vendée Globe que nem o melhor e bem informado analista da vela offshore mundial projetaria sequer um final com pódio para o skipper francês Louis Burton, de 35 anos de idade! Contudo, todos os que seguem atenciosamente a Vendée Globe podem ver seu barco, Bureau Vallée 2, vindo forte de oeste com uma pequena vantagem sobre os demais.
Eu, particularmente, fiz alguns cálculos durante o dia de hoje e, de fato, cheguei à conclusão que, apesar de uma chegada apertada, por enquanto, se não acontecerem mudanças no cenário das projeções meteorológicas — ah, sempre acontecem, mas vamos ver para favorecer quem —, ele passa pela linha de chegada pelo menos quatro horas (até seis horas) na frente de Charlie Dalin. Se conseguir isso, com certeza surgirá uma nova lenda na vela de oceano.
De qualquer modo, se os rankings oficiais mostram Burton em quarto lugar esta noite, por ele estar mais a oeste dos rivais — mas é grande a chance de que ele seja o primeiro a contornar a área de alta pressão dos Açores e conecte com um “expresso” de baixa pressão que se forma no norte, na altura da Europa.
“Ele pode continuar com os ventos sudeste e se beneficiar de um corredor da linha de alta pressão de correntes de vento mais constantes e montar um ângulo melhor que os rivais”, sugere Sébastien Josse, o consultor meteorológico da Vendée Globe. “Os demais terão de forçar mais, manobrar mais. Louis pode continuar no mesmo ritmo até Les Sables d’Olonne e chegar horas na frente dos outros”.
O atual líder do ranking, Charlie Dalin (Apivia), no entanto, tem esperanças de se reaproximar perto dos Açores, “e teremos de fazer uma série de jibes e mudanças de velas, teremos muito trabalho a fazer até o final”.
Assim, cresce a tensão. Em terceiro no ranking, Thomas Ruyant (Linked Out) continua a ser rápido, mas está claramente frustrado por ter perdido um hidrofólio quando era líder, no Índico e início do Pacífico: “Eu sabia que subir o Atlântico seria complicado, com muitas manobras para bombordo (justamente o bordo do hidrofólio perdido). Com um barco comprometido, é difícil e frustrante não poder competir com aqueles ao redor em boas condições. Mas estou aqui e irei levando meus problemas pacientemente e com espírito esportivo. Em poucos dias, condições de vento em popa vão me ajudar a estabilizar as coisas aqui. Terei uma pequena margem negativa a enfrentar, então vou dar o máximo”.
O alemão Boris Herrmann (Seaexplorer – Yacht Club de Monaco) tem recuperado progressivamente milhas e milhas desde sua passagem quase desastrosa pelos doldrums e está chegando nos líderes milha a milha, com rapidez. Também tem potencial para terminar no pódio.