Vendée Globe Real e Virtual - 16-1-2021
A HORA E A VEZ DOS
DOLDRUMS
A linha do equador já ficou para trás, com Burton em primeiro e Dalin em segundo
. Louis Burton (Bureau Vallée 2) foi o primeiro a deixar a linha do equador para trás, seguido por Charlie Dalin (Apivia). Contudo, agora à noite o skipper do Bureau Vallée mudou o rumo, buscando uma melhor rota para superar os doldrums. Com Boris Herrmann chegando, ficaram difíceis os prognósticos. Assim, o atual duelo entre os líderes chega a um ponto crítico.
Hoje no final da manhã, Louis Burton ultrapassou Charlie Dalin e assumiu a liderança. Enquanto isso, o terceiro competidor na luta pela liderança, Boris Herrmann (Seaexplorer – Yacht Club de Monaco), também avançou bastante e encostou nos dois barcos, a apenas 20 milhas de distância, mais ao sul.
O grande desafio serão os próximos dias, pois terão de vencer a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), ou popularmente doldrums. Esta é uma área para onde convergem os ventos alísios do hemisfério norte e do sul, que giram em sentidos opostos. Este ponto de encontro ocorre geralmente entre as latitudes 5 graus Sul e 14 graus Norte. Desde o século XVII, ficou conhecidao, com o início das navegações comerciais, como “doldrums” (palavra inglesa para “marasmo”). O motivo é que como os ventos chegam à área em sentidos inversos, geram uma zona permanente de alta pressão, região sem ventos, com calmarias difíceis de serem superadas, e ainda sujeitas a tempestades súbitas e intensas (em inglês, chamadas “squalls”; no Brasil, conhecidas principalmente no Nordeste, como “aguaceiros”).
A chegada de Louis Burton à liderança marcou um momento histórico para a Vendée Globe, pois em seguida o Bureau Vallée 2 foi o primeiro barco desta Vendée Globe a ultrapassar a linha do equador, marcando uma recuperação fantástica deste skipper. Depois de perder 938 milhas do pelotão dianteiro, consertando seu barco na ilha Macquerie, no Oceano Índico, ao partir de então um Burton motivado, mesmo estando em 12º lugar, iniciou uma perseguição implacável e única na história da Vendée Globe, cruzando o Cabo Horn já na 9º posição e ainda 550 milhas atrás de Dalin. Agora, supera o líder poucas milhas antes de passar para o hemisfério norte. É a segunda vez que um mesmo barco lidera a Vendée Globe no retorno para o hemisfério norte: o Bureau Vallée 2 é o ex-Banque Populaire, o veleiro com o qual Armel Le Cléac’h, venceu a Vendée Globe anterior, de 2016-17.
Os dois líderes, sem dúvida, observam atentamente ao avanço do alemão Boris Herrmann, que procurou deslocar-se para oeste pela noite e manhã. Durante uma entrevista esta manhã, transmitida pelo site da Vendée Globe, Charlie Dalin afirmou sobre Boris Herrmann: “Ele está se posicionando para os doldrums, e talvez para o cenário posterior. Nós veremos isso melhor entre 36 e 48 horas. Poderemos então estar mais próximos ou mais distantes. Acredito que ele tenha hidrofólios completos e será um adversário forte no final, mas não creo que esteja com o barco completo como afirmou. Ninguém está mais com cem por cento do potencial. Todos nós temos problemas com velas, eletrônicos, hidráulicos. Acredito que todos teremos problemas neste último estágio da regata”.
Mais uma desistência
Sébastien Destremau (Merci) anunciou hoje ser obrigado a abandonar a Vendée Globe, frente a mais problemas surgidos no seu barco. Desde o início da regata, o Merci vem apresentando problemas com o piloto automático e com a vela grande. Agora no Pacífico, fechando a fila dos participantes que restavam na Vendée Globe, em 26º lugar, é obrigado a desistir definitivamente. Está rumando para a Nova Zelândia, para reparos e retorno à França.