Vendée Globe Real e Virtual - 14-01-2021

Louis Burton (Bureau Vallée 2) se esforça para se aproximar do líder, apenas 16 milhas à frente

Louis Burton (Bureau Vallée 2) se esforça para se aproximar do líder, apenas 16 milhas à frente

UM DUELO DE GIGANTES

Os dois líderes abrem vantagem
e passam por Salvador, BA

Hoje Charlie Dalin (APIVIA) e Louis Burton (Bureau Vallée 2), primeiro e segundo respectivamente no comando da Vendée Globe, deixaram claro que será difícil os demais acompanharem seu ritmo.

O desafiante mais próximo,mais de 60 milhas atrás, Thomas Ruyant (LinkedOut), talvez tenha condições, mas com perdeu um hidrofólio, em dezembro, e tem desempenho limitado em relação ao seu rendimento antes da quebra da lâmina de bombordo. Contudo, seu barco é de alto nível, e pode ainda surpreender o “Grupo dos Dois”, como chamo o líder e vice-líder (quem está acompanhado meu diário de bordo entenderá o porque).

Em tempo, o segundo melhor desempenho em milhas percorridas no dia foi de Louis Burton. O primeiro foi de um dos últimos colocados, o Clement Giraud (Campagnie de Lit/Jiliti), que navega ainda no Pacífico com ventos muito favoráveis.

O Yannick Bestaven (Maître Coq) está aos poucos saindo de perto da costa e dos ventos fracos, mas para isso perdeu muitas milhas e caiu para em sexto lugar. À sua frente, Boris Herrmann (Seaexplorer) teve o terceiro melhor desempenho entre os participantes no dia de hoje – e já é o quinto colocado, depois de ultrapassar Bestaven. Aliás, pouco antes, o Damien Seguin (Groupe APICIL) também já o ultrapassara.

Para quem acompanhou o mapa nos últimos dois dias, impressiona como os dois líderes estão se afastando dos demais.

Para quem acompanhou o mapa nos últimos dois dias, impressiona como os dois líderes estão se afastando dos demais.

Charlie Dalin encontra-se em seu segundo dia como líder, a apenas 16 milhas de Louis Burton. Conta com um barco de última geração, embora Burton navegue num IMOCA também recente, mas não tanto, com limitações como hidrofólios menores, Dalin afirma não estar podendo usar a “potência” total de seu equipamento, pois quando sofreu danos no hidrofólio, ainda no Índico, conseguiu reparar o problema, mas não pode utilizar um de seus hidrofólios com 100% da capacidade. Contudo, o APIVIA é um barco extremamente sofisticado e rápido e está em nível acima do rival:

Eu tenho de lutar com as armas disponíveis.  Há um mês atrás eu estive perto de abandonar a regata, mas consegui reparar o dano e então estou feliz por estar aqui. Teremos muitos ajustes e mudanças de velas agora nos alísios (que os ingleses chamam de doldrums), então será desafiador e interessante”.

Hoje o japonês Kojiro Shiraishi (DMG MORI Global One) finalmente passou o cabo Horn. Foi um momento de grande felicidade para o oriental, que em vídeo aparece, como em 90% das transmissões que faz, comendo e bebendo sakê (mas desta vez para comemorar). Na cena mais curta, mostra um cartaz no momento em que deixa o Horn para trás, e ao mesmo tempo grita, feliz: “Foi incrível que consegui fazer os reparos! E agora chegar ao Horn! Cabo Horn!”.

Kojiro Shisraishi comemora a passagem pelo Horn com sakê.

Kojiro Shisraishi comemora a passagem pelo Horn com sakê.

No começo da regata, perto das ilhas do Cabo Verde, Kojiro teve problemas sério na mastreação, e quase abandonou. Mas finamente, depois de teimosamente e com paciência oriental, trabalhar em reparos com o barco a deriva durante uma semana, conseguiu continuar. E mostrou bom rendimento, pois estava a mais de 1.000 milhas dos demais participantes da regata, em último lugar, ou apenas na frente, na época, do CHARAL, que retornara ao porto. Atualmente é o 20º colocado.

E a Vendée Globe em sua versão virtual termina em pouco mais de 38 horas (para meu veleiro), que deve chegar em Les Sables d’Olonne às 11 horas do próximo sábado. Os vencedores devem estar lá um pouco antes, pelas 5 ou 6 horas da manhã.

Regata virtual.jpg