70ª Santos-Rio e 100 anos do ICRJ
Um ano muito especial para o nosso
Iatismo
Por Roberto Negraes
2020 tem dupla comemoração histórica para a vela de oceano brasileira
A 70ª edição da regata Santos-Rio, a ser realizada no próximo dia 23 de outubro, coincide com os festejos de centenário do Iate Clube do Rio de Janeiro. Os eventos, somados, representam 170 anos de história náutica. Para esta data especial, estão inscritos mais de quarenta veleiros. Um desfile pelo canal de Santos até a saída da barra, com o navio escola da Marinha do Brasil, o veleiro Cisne Branco, marcará a largada desta histórica regata, possibilitando assim à população santista assistir a um espetáculo inédito.
Com a organização do Iate Clube de Santos e do Iate Clube do Rio de Janeiro, e supervisão da Associação Brasileira de Vela de Oceano, a 70ª Santos-Rio estará aberta a barcos das classes ORC, IRC, BRA-RGS, BRA-RGS Clássicos, Mini 6.50 e da categoria Bico de Proa. Além da premiação para os vencedores de cada classe (desde que haja cinco participantes), os três primeiros colocados serão agraciados com troféus La Belle Classe, oferecidos pelo Iate Clube de Mônaco e Iate Clube de Santos.
O atual recorde do percurso de aproximadamente 180 milhas marítimas pertence ao veleiro Camiranga, estabelecido em 2015, com o tempo de 18 horas, 9 minutos e 33 segundos. No ano passado, o fita azul foi o barco Sorsa III (da classe ORC), e os vencedores em cada classe os veleiros Angela Star VI (ORC), Rudá (IRC) e o BL3 Urca (BRA-RGS). Um grande número de veleiros, seus comandantes e tripulantes estarão presentes este ano, atraídos pela importante comemoração, entre eles Torben e Martine Grael.
Respeitando os protocolos estabelecidos pelas autoridades de saúde, as festas relativas ao evento terão restrições. O tradicional jantar oferecido pelo ICS será substituído por um coquetel no mirante do clube, no Guarujá, enquanto a festa de premiação na sede do ICRJ será em área aberta e de livre circulação.
História
Em 1951, um dos pioneiros da vela no Brasil, José Cândido Pimentel Duarte, idealizou, pela primeira vez, a realização de uma regata de vela oceânica – um grande desafio para os navegadores da época. Antes disso, porém, ainda na década de 40, ele encomendara ao famoso escritório Sparkman&Stephens um projeto de veleiro com 40 pés para produção em série – origem dos conhecidos Classe Brasil. A empreita de construção dos barcos foi para o estaleiro Arataca, em Santa Catarina, de onde surgiram oito veleiros, além de mais três construídos no Rio de Janeiro. Joaquim Belém, do ICRJ, proprietário do primeiro veleiro Classe Brasil feito no Rio de Janeiro, entrou em contato com Mariano Jatahy Marcondes Ferraz, do Iate Clube de Santos (então em construção), e assim, numa parceria entre os dois clubes, aconteceu a primeira regata. Como o ICS estava ainda em construção, o Clube Saldanha da Gama deu o apoio necessário para as embarcações inscritas.
Desta forma, a primeira Santos-Rio teve o tiro de largada às 17 horas do dia 18 de outubro de 1951, com a participação de um veleiro argentino, o Bambino. Com forte vento sudoeste, o Vendaval, de Pimentel Duarte, além de ser o fita azul, estabeleceu um tempo recorde de 24 horas, que só seria superado em 1974 pelo barco WaWa Too. O segundo a cruzar a linha de chegada foi o Sirocco, mas o vencedor, no tempo corrigido, da 1ª Santos-Rio seria o veleiro Ondina, de Joaquim Belém e Jorge Costa Carneiro.