Fastnet Race

Largada da 49ª Fastnet Race, em Cowes (Inglaterra). Participaram, ao todo, mais de 300 barcos, divididos em  19 classes . Foto: Carlo Borlenghi - Rolex

Largada da 49ª Fastnet Race, em Cowes (Inglaterra). Participaram, ao todo, mais de 300 barcos, divididos em 19 classes . Foto: Carlo Borlenghi - Rolex

Rolex Fastnet Race

Um clássico popular

Por Roberto Negraes

Nada menos que 337 veleiros participaram da 49ª edição da Rolex Fastnet Race, a maior regata oceânica do mundo em número de barcos

O maxitrimarã Ultime Edmond de Rothschild, da França, foi o fita azul da Fastnet Race de 2021 e, consequentemente, primeiro recordista do novo trajeto desta tradicional regata. A largada, a partir de Cowes (Inglaterra), em frente à sede do Royal Yacht Squadron, foi no dia 8 de agosto, com uma grande e colorida flotilha de 337 veleiros, rumando para o famoso farol de Fastnet (ilhota a sudoeste da Irlanda), sob ventos entre 20 e 25 nós. Após contorná-lo, os competidores tomaram o rumo de Cherbourg (cidade na costa francesa), e não mais a inglesa Plymouth, que foi o ponto final da competição até a edição de 2019. Com isto, o trajeto da regata ficou mais longo, indo das anteriores 608 milhas para 695 milhas marítimas.

Competiram 19 classes de barcos, e os primeiros em Cherbourg foram os maxitrimarãs Ultime, de 32 m, destacando-se o Edmond de Rothschild, que contornou o farol Fastnet na frente e, ao cruzar a linha de chegada, estabeleceu o primeiro recorde para o novo trajeto, com o tempo de 1 dia, 9 horas, 15 minutos e 54 segundos. Entretanto, o vencedor geral com o tempo corrigido foi o monocasco campeão da divisão IRC Dois, o Sunrise, um JPK 11.80, de Tom Kneen's, primeiro britânico, desde 2003, a vencer esta regata, que vinha sendo praticamente dominada pelos franceses.

Entre os monocascos, o fita azul foi o Skorpios, um novíssimo e impressionante modelo Swan de 125 pés, do russo Dimitry Rybolovlev, em sua estreia em regatas, com o tempo total de 2 dias, 8 horas, 33 minutos e 55 segundos.

Apesar de haver apenas 13 barcos inscritos na classe Imoca 60, foi muito esperada a disputa entre os franceses Yannick Bestaven (vencedor da Vendée Globe 2020-21, com o Maître Coq), Charlie Dalin (vice na Vendée Globe 2020-21, com o Apivia) e Jérémy Beyou (um dos favoritos na mesma Vendée Globe, com o Charal, mas que quebrou durante aquela regata de volta ao mundo a solo), agora correndo em dupla, respectivamente, com Paul Meilhat, Christophe Pratt e Roland Jourdain,. Confirmando sua competência, Charlie Dalin foi o vencedor, Jérémy Beyou o segundo e o veleiro campeão da Vendée Globe Maitrê Coq abandonou.

O barco campeão na categoria IRC com dois tripulantes foi o francês Léon, comandado por Alexis Loison em dupla com Guillaume Pirouelle. É interessante notar que o pai de Alexis venceu na mesma categoria em 2013, e Alexis foi o tripulante, a bordo do Night and Day.

Talvez devido à perspectiva de o esporte se tornar olímpico, a participação de barcos IRC em duplas aumentou para 92 inscritos, contra 64 em 2019, a maioria competindo ao lado de equipes completas nas categorias IRC Três e Quatro, nas quais hoje predominam os barcos de dois tripulantes. Os veleiros de dois tripulantes também são classificados em sua própria classe, a IRC Two-Handed, que neste ano incluiu vários aspirantes a atletas olímpicos e famosos, como as britânicas Shirley Robertson, já duas vezes campeã olímpica, e Dee Caffari, a velejadora feminina de maior participação em eventos internacionais do mundo.

Na classe Figaro 3, o veleiro AD Fichou - Innovéo / Bihannic, tendo como skipper o ex-campeão francês de Laser Yael Poupo, com Victor Le Pape, foi o vencedor depois da desclassificação de outro barco da França.

História da Fastnet Race e mudança do trajeto

Fastnet é o nome de um rochedo, o ponto mais ao sul da Irlanda, por onde a regata passa desde a sua primeira edição. Foto: Kurt Arrigo - Rolex

Fastnet é o nome de um rochedo, o ponto mais ao sul da Irlanda, por onde a regata passa desde a sua primeira edição. Foto: Kurt Arrigo - Rolex

Disputada pela primeira vez em 1925, a Fastnet Race é uma regata bienal de veleiros oceânicos organizada pelo Royal Ocean Racing Club - RORC, da Inglaterra, com a assistência do Royal Yacht Squadron em Cowes.

A regata, patrocinada pela fabricante suíça de relógios Rolex desde 2001, leva o nome de uma ilhota, mais para uma pedra no meio do oceano, denominada Fastnet, que marca o percurso.

Considerada uma das grandes corridas offshore clássicas, a Fastnet Race provou desde o seu início ser altamente influente no crescimento das regatas oceânicas e permanece intimamente ligada aos avanços no desenvolvimento de veleiros, técnicas de navegação e equipamentos de segurança.

O foco principal da competição, que tem como prêmio o troféu Fastnet Challenge Cup, é a regata de handicap (tempo corrigido, aplicado a barcos diferentes entre si) para monocascos, que atualmente é conduzida sob a Regra de Classificação do RORC. No entanto, recentemente, a corrida abriu-se para a participação de multicascos e das classes Volvo Ocean Race 65 e 70, Imoca 60 e Classe 40.

O RORC deu como justificativa para a troca do destino final da Rolex Fastnet Race — da cidade inglesa de Plymouth, que recebeu a regata entre 1925 e 2019, para Cherbourg, na França — as melhores condições do porto francês para abrigar a enorme flotilha participante, que antes da pandemia de covid-19 era estimada em mais de 450 barcos. Além disto, a França é líder mundial em regatas offshore, lar de eventos como Vendée Globe, Route du Rhum, Solitaire du Figaro e Mini Transat e terra natal dos skippers vencedores duas últimas Volvo Ocean Races.

O novo percurso da Rolex Fastnet Race, agora com chegada na França

O novo percurso da Rolex Fastnet Race, agora com chegada na França

Roberto Negraes