Cape2Rio 2020

A primeira regata oceânica do ano

Por Roberto Negraes*

Cape to Rio 2020 faz parte das comemorações do centenário do Iate Clube do Rio de Janeiro

O Pérola Negra, veleiro alemão ultimo vencedor da Cape2Rio. Foto: ₢A. Carloni / CVS

O Pérola Negra, veleiro alemão ultimo vencedor da Cape2Rio. Foto: ₢A. Carloni / CVS

   O primeiro evento internacional de iatismo de oceano em 2020 será a tradicional regata entre a Cidade do Cabo (África do Sul) e o Rio de Janeiro. Denominada oficialmente como Cape2Rio, é uma competição de 3.600 milhas marítimas interligando duas das mais belas e interessantes cidades do Hemisfério Sul. E será disputada numa data especial, fazendo parte das comemorações do primeiro centenário de existência do Iate Clube do Rio de Janeiro!

   Um dos fatores interessantes sobre a Cape2Rio é o trajeto inverso ao tradicional das regatas oceânicas de volta ao mundo, as quais geralmente percorrem o Atlântico Sul de oeste para leste. Na Cape2Rio, os velejadores deverão utilizar principalmente os ventos alísios para atravessarem o Atlântico de leste para oeste.

   A primeira edição desta regata aconteceu em 1971, já com a participação de grandes navegadores internacionais da época. Para o atual chairman da Cape2Rio, Luke Scott, "esta regata clássica, nesta época do ano, é a oportunidade ideal para os velejadores competirem pelos agradáveis ventos alísios de verão do Hemisfério Sul, escapando ao frio intenso do inverno do Hemisfério Norte".

   A competição é aberta a todo tipo de veleiros, das verdadeiras “máquinas” de regatas a simples barcos familiares. Haverá duas largadas, a primeira para barcos de cruzeiro e veleiros de menor handicap, para os quais o evento é praticamente uma festa, no próximo dia 4. Este grupo terá uma parada obrigatória na Ilha de Santa Helena, no meio do Atlântico, lugar onde o iatismo de oceano é bem popular. A segunda largada, no dia 11 de janeiro, será para barcos de alto desempenho, com rota direta ao Rio de Janeiro. Espera-se um desafio técnico e tático interessante pelo Atlântico Sul. Evidentemente, serão considerados handicaps, sendo utilizados modelos de medição (ORC para monocascos e Texel para multicascos).

   Entre os veleiros inscritos, já estão na Cidade do Cabo o trimarã francês LoveWater, de 80 pés; o Sulanga (catamarã de 48 pés), o tradicional Saravah, do ICRJ (veleiro com torcida em ambos os continentes); o Maserati, outro trimarã, de 21 metros de comprimento (primeiro barco a chegar na edição de 2014 da Cape2Rio); e outros barcos de bom handicap.

   A última Cape2Rio foi vencida por Stefan Jentzsch, com o barco alemão Black Pearl (Pérola Negra). Não, o capitão Jack Sparrow não participou, pelo menos é o que dizem!

   O site oficial da regata terá uma página de tracking para que se possa acompanhar os barcos em tempo real (cape2rio2020.com/tracking).

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 E como em todas as regatas atuais, no próximo dia 4 de janeiro, milhares de veleiros virtuais estarão participando igualmente da Cape2Rio pela Virtual Regatta. Com uma novidade: pela primeira vez uma regata virtual terá duas largadas, a exemplo da Cape2Rio real. A primeira, no próximo dia 4 de janeiro, será disputada por veleiros da classe 40, enquanto na segunda, dia 11, serão utilizados os Multi 50 (bem mais rápidos).

   Até o dia 31 de dezembro já estavam inscritos 15.265 barcos na classe 40, e esse número deve ultrapassar os 30 mil inscritos até o momento da regata. Enquanto isso, a categoria Multi 50 teve a abertura das inscrições no dia 1 de janeiro. É possível competir nas duas categorias (você pode se inscrever e competir de modo gratuito ou adquirindo acessórios para maior desempenho e chances de melhor classificação). Visite o site da Virtual Regatta, em www.virtualregatta.com/en/offshore-game

   Para mais informações da regata oficial, visite o site da Cape2Rio (cape2rio2020.com)


Nosso velejador virtual

 
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Foto: Arquivo pessoal

*Roberto Negraes é jornalista especializado em náutica e navegação, um dos pioneiros do setor. Em sua primeira participação numa regata virtual, conseguiu um 8º lugar numa das etapas da Volvo Ocean Race de 2008-09. Depois disso, passou a praticar e tornou-se o melhor brasileiro e participante do continente americano durante anos, vencendo etapas de regatas internacionais como a Velux Five Oceans em 2010, vencendo na categoria SO (sem equipamentos extras) uma Solitaire du Figaro, 2º lugar na Cap-Istambul de 2010, e terminando entre os Top 10 em 16 grandes eventos internacionais. Na Volvo Ocean Race de 2011-12, esteve em 2º lugar até a sexta etapa, infelizmente não deu sorte nas duas últimas pernas e finalizou em 5º lugar entre 330 mil participantes de 184 países. Depois disso, parou de competir desde 2012, mas retornou agora às regatas virtuais, participando inicialmente de regatas como testes, para adaptar-se (a tecnologia desenvolveu-se muito nos últimos anos).