Aquecimento para a Vendée
Prologue Vendée Globe
Antes da grande volta ao mundo
A versão virtual da Vendée Globe passou por um bom teste (trazendo novos recursos e mudanças importantes em simulação online na interface da simulação) com a realização da Prologue Vendée Globe. Nosso editor de vela, Roberto Negraes, participou e conta as novidades.
Com a participação de 16 dos 33 skippers inscritos para a mítica regata de volta ao mundo em solitário, a Vendée Globe, e perto de 46 mil navegadores virtuais, a empresa Virtual Regatta (parceira da organização da Vendée), ofereceu uma prova de 3.000 milhas para testar as últimas novidades na interface da navegação on-line. Realizada de 27 de setembro a 6 de outubro, a “Prologue Vendée Globe”, como foi batizada, demonstrou que os barcos virtuais oferecem, aparentemente, o mesmo desempenho dos veleiros classe IMOCA reais.
O traçado escolhido foi, a partir de Les Sables d’Olonne (na costa francesa), ida e volta ao arquipélago dos Açores, contornando pelas ilhas de Santa Maria e das Flores:
“Foi extremamente interessante acompanhar dia e noite não apenas as estratégias dos competidores virtuais, mas principalmente os profissionais que estarão em seus veleiros em Les Sables d’Olonne, em novembro, participando da largada da Vendée Globe”, conta nosso colaborador. “Duas estratégias destacaram-se: um grupo descendo diretamente rumo aos Açores, e outro contornando Portugal e seguindo ao longo da costa africana, até abrir para o arquipélago”.
Embora a maioria dos profissionais tenha seguido pelo lado da África, enquanto os mais experientes marinheiros virtuais (eu com eles) foram no rumo direto em razão das condições meteorológicas favoráveis, foi um pequeno e heroico grupo, ousando uma rota entre as duas estratégicas tradicionais, que se deu bem. “Embora quase todos os barcos chegassem juntos nos Açores, esse pequeno grupo estabeleceu uma pequena vantagem impossível de ser superada e assim venceu”, descreve Roberto.
Nosso navegador participou com dois veleiros virtuais: o seu conhecido Ondazul-BST e o estreante Minuto Nautico. Embora a intenção fosse levar ambos juntos, em razão de problemas ocorridos, acabaram se separando – uma interrupção na energia elétrica deixou Roberto Negraes não só às escuras em seu sofá/cockpit, mas também em relação à regata.
“Como no mundo real, algo inesperado pode acontecer, e realmente ocorreu, atrapalhando o desempenho dos dois barcos. Fui obrigado a dar mais atenção ao Ondazul-BST (que terminou a Prologue Vendée Globe na 125ª colocação no ranking geral e no 2º lugar entre os brasileiros), pois o Minuto Nautico foi mais prejudicado em sua rota durante as longas horas em que estive desconectado (mesmo assim, nosso veleiro estreante acabou em 514º no ranking geral e 3º dos brasileiros).
Concluindo, Roberto afirma ter sido uma ótima preparação para a versão virtual da Vendée Globe (que terá em sua interface a presença dos barcos reais em suas posições e desempenho): “Foi bom testar as novidades, como atualização instantânea de rumo e outras melhorias, e vai ser muito interessante competir contra centenas de milhares de velejadores de todo o mundo (em 2017-18 foram 250 mil virtuais), e ao mesmo tempo acompanhar a aventura épica dos trinta e três IMOCA que estarão lutando pela vitória e, de certo modo, pela sobrevivência na Vendée Globe”.
Resultados da Prologue Vendée Globe
Os cinco primeiros virtuais
1. Phocea13 (França)
2. Leszek2011 (Polônia)
3. Barquerme (Austrália)
4. Estebanknip (França)
5. Fishandfrog SGPS FVR (França)
Os cinco primeiros brasileiros:
1. KikoPR BST
2. Ondazul-BST
3. Minuto Nautico
4. Fluminense
5. Pereba BST
Os cinco primeiros profissionais:
1. Arnaud Boissières (França)
2. Stéphane Le Diraison (França)
3. Nicolas Troussel (França)
4. Kojiro Shiraishi (Japão)
5. Armel Tripon (França)
Roberto Negraes é jornalista especializado em náutica e navegação, um dos pioneiros do setor. Em sua primeira participação numa regata virtual, conseguiu um 8º lugar numa das etapas da Volvo Ocean Race de 2008-09, além de 22º e 27º em outras etapas. Depois disso, passou a praticar e tornou-se o melhor brasileiro e melhor participante do continente americano durante anos, vencendo etapas de regatas internacionais como a Velux Five Oceans em 2010, vencendo na categoria SO (sem equipamentos extras) uma Solitaire du Figaro, conseguindo o 2º lugar na classificação geral da Cap-Istambul de 2010 (num final polêmico, com os próprios franceses lhe escrevendo que um bug do game havia lhe tirado a vitória), e terminando entre os Top 10 em 16 grandes eventos internacionais. Na Volvo Ocean Race de 2011-12, após vencer a regata experimental oferecida pela organização, esteve em 2º lugar na classificação geral até a sexta etapa, infelizmente não dando sorte nas duas últimas pernas e finalizando em 5º lugar entre 330 mil participantes de 184 países. Depois disso, parou de competir desde 2012, mas retornou agora às regatas virtuais, participando inicialmente de regatas como testes, para adaptar-se (a tecnologia desenvolveu-se muito nos últimos anos).