Vamos comprar uma lancha?
Momento de decisão
Está decidido a ter, finalmente, uma lancha? Então, vamos lá! Não é tão fácil quanto possa parecer, mas... Calma, estou aqui pra ajudá-lo a encontrar o melhor modelo para você!
Finalmente, um antigo projeto de vida está tomando corpo. Há anos, venho acalentando o sonho de tornar-me consultor, para ajudar quem, assim como eu, ama barcos — especialmente os barcos a motor —, mas que tem mais dúvidas do que certezas sobre o modelo que deseja e, depois, sobre como usá-lo da melhor forma. Para este primeiro artigo para o meu blog, escolhi escrever justamente sobre a compra do primeiro barco — mais especificamente lancha, no nosso caso aqui, no Minuto Náutico. Ninguém quer investir uma considerável quantia de dinheiro para se arrepender depois, não é?
Comprar a primeira lancha exige que você saiba direitinho o uso que fará dela e, ao mesmo tempo, conhecimento dos modelos oferecidos pelo mercado. A decisão de levar uma lancha para casa — ou para a marina, clube ou garagem náutica — não deve ser feita por impulso. Não, senhor. E não, senhora. Até porque, a escolha não deve ser feita individualmente, a não ser no caso dos solteiros. Na verdade, se você tiver uma família, a escolha deve ser feita em conjunto com seus familiares e até com os amigos próximos, que irão usar a lancha tanto quanto você. Ou sua intenção é sair pra navegar sozinho?
Uma surpresa do tipo: “Amor, adivinha o que comprei pra gente?”, geralmente, não dá muito certo quando se trata de um barco. Meu conselho? Não arrisque. Se ela (ou ele) não gostar do barco, vai ser um problemão. Você terá desembolsado uma boa quantia e, sozinho (ou sozinha) não terá o que fazer com a lancha. Pior: com chance de perder uma boa porcentagem desse valor caso queira devolver o barco. É, meus amigos, o primeiro conselho para quem vai comprar um barco é sempre envolver a família na compra, porque, exceto se no caso de um modelo muito específico, como uma lancha de pesca oceânica, é claro que todos vão querer sair no barco.
Explique sua ideia a todos e tente conseguir toda informação que puder sobre o tipo de lancha que imagina adquirir. Para isso, tenha em mente o que pretende fazer com ela e onde irá navegar — no mar, em represas, em grandes rios ou em reservatórios de água doce.
Se sua família for pequena e o barco for usado principalmente para passear em águas abrigadas, como represas de médio porte, uma lancha entre 5 e 6 m de comprimento (16 a 20 pés) costuma ser uma boa opção. Se além de passear, você pretende usar a lancha algumas vezes para esquiar, compre uma com o motor mais forte indicado pelo fabricante da embarcação. O mercado oferece lanchas específicas para esqui, wakeboard e wakesurf, mas aí são barcos desenhados e construídos exclusivamente para esse propósito, com custo bem superior ao de uma lancha para passeio. No entanto, se a garotada quer mesmo é se especializar nesse tipo de esporte, uma lancha assim, nacional ou importada, é a escolha correta. Para esqui e wakeboard, a lancha deverá ter lugar para guardar os esquis, pranchas e oferecer um ponto apropriado para amarrar o cabo de reboque. Neste caso, o tamanho da plataforma de popa também é importante: quanto maior, melhor, para facilitar a entrada e saída da água.
Voltando aos modelos de passeio, preste bastante atenção ao conforto dos bancos, à facilidade de acesso à água, se há uma pia ou ao menos um chuveirinho de água doce e, também, se a lancha vem com uma caixa térmica — popularmente chamada de geleira — para bebidas e sanduíches. Capota é essencial, não abra mão de ter uma no barco. Se a região em que pretende navegar ficar no estado de São Paulo ou no Sul, um bom para-brisa é importante para usar o barco fora do verão — o ar frio entre o outono e a primavera vai provocar reclamações.
Se for usar o barco no mar, tente começar por um modelo um pouco maior, de 6 m (20 pés) para cima, pois aí a proa é mais alta para enfrentar as ondas. Se não abrir mão de um banheiro a bordo, a lancha terá de ser um pouco maior, geralmente acima de 6,6 m (22 pés). Verifique se no console do posto de pilotagem há um porta-luvas de bom tamanho, pois sempre terá de guardar sua carteira e os celulares da turma, além de outros pequenos objetos. Veja também se há lugar no console para um equipamento de som (sempre marinizado, feito para barcos), se o posicionamento geral é condizente com a sua estatura (caso os bancos não tenham regulagem) e se há alças ou pegadores para todos se segurarem. Faça sua família escolher entre os modelos que passaram antes pelo seu crivo. Deixar a palavra final para a esposa pode ser uma boa ideia.
Depois de definir a lancha, lembre-se de que você terá de fazer um curso náutico e obter sua habilitação, de preferência, junto com a esposa e os filhos maiores de 18 anos, para envolver todos em uma atividade muito divertida. Não gaste todo o dinheiro reservado na compra da lancha. Tenha em mente que será preciso, ainda, uma verba para a compra do material de salvatagem, equipamentos eletrônicos de navegação, documentação e a carreta (se não vier com o barco).
Também será preciso arrumar um lugar para guardar a lancha, como uma marina, iate clube ou uma garagem náutica, mesmo um pouco mais afastada da água. Se a lancha tiver menos de 6 m de comprimento, pode até ser guardada em casa, se tiver uma picape média ou um automóvel grande do tipo SUV para o reboque. Mas aí terá mais trabalho, tanto para colocar e retirar a lancha da água como também para fazer a manutenção adequada. Isso, apesar de eliminar o custo de estadia, vai comprometer também seu tempo livre. O último lembrete é sobre o seguro. Vale a pena fazer, pois, proporcionalmente ao valor do bem, é muito mais em conta que o seguro de um automóvel.
Em breve, vou continuar este assunto, com dicas para comprar uma lancha cabinada e outros modelos de barcos a motor, incluindo jets e infláveis. Nosso mercado náutico é abundante em modelos para todos os usos.
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