Vendée Globe Real e Virtual 16-11-2020

O Hugo Boss rasgando o Atlântico próximo às Ilhas Canárias

O Hugo Boss rasgando o Atlântico próximo às Ilhas Canárias

ALEX THOMSON

AMPLIA VANTAGEM

O Hugo Boss, do inglês Alex Thomson, dispara na liderança, com 80 milhas de vantagem sobre o Yes, We Cam!, do francês Jean Le Cam

A estratégia e risco assumido do inglês Alex Thomson (Hugo Boss), que não desviou da tempestade tropical Theta, lhe traz vantagem inédita para um início de Vendée Globe. Atual líder da competição, literalmente voa baixo sobre as ondas enquanto passa pelas Ilhas Canárias, embalado por ventos alísios de 14 a 16 nós. Já abriu 80 milhas marítimas de vantagem sobre o francês Jean Le Cam (Yes We Cam) e 120 milhas sobre Thomas Ruyant (Linked Out), enquanto ultrapassa, inclusive, toda a flotilha dos veleiros virtuais (que largaram uma hora e meia antes).

Enquanto isso, os 33 participantes iniciais da Vendée Globe sofreram mais uma baixa: o veleiro CORUM L’Epargne, um dos mais cotados, perdeu o mastro pouco ao norte das Canárias, e seu comandante, o francês Nicolas Troussel, está procurando lidar com a situação enquanto aguarda resgate. Outro barco está em sérias dificuldades, o DMG MORI Global One, do japonês Kojiro Shiraishi, em razão de danos na mastreação.


Um veterano disposto a surpreender

O Yes We Cam! e seu navegador, o francês Jean Le Cam

O Yes We Cam! e seu navegador, o francês Jean Le Cam

Mantendo o segundo lugar até o momento, Jean Le Cam (Yes We Cam!) é um dos melhores skippers franceses, e um dos mais populares em seu país. Este veterano, de 61 anos de idade, embora não tenha sido cotado como um dos favoritos, é um dos navegadores de maior prestígio competindo na Vendée Globe 2020-21. Não é surpresa ele ter liderado de início a regata e estar, no momento, em segundo lugar, atrás somente de Alex Thomson, apesar de seu barco (Yes We Cam!) ser mais antigo em duas gerações em relação aos IMOCA mais atuais da Vendée Globe. Esta é sua quarta participação na regata (mesmo número de Alex Thomson).

Jean Le Cam é conhecido não apenas pelo seu talento como skipper, mas também por gostar de narrar suas experiências nas regatas offshore de forma fácil e divertida. Quando fala sobre navegação oceânica, é sincero e apaixonado como uma criança. Sua história praticamente está entrelaçada com a Vendée Globe, da qual participou a partir da quinta edição, em 2004-05.

Contudo, a Vendée Globe não tem sido muito favorável para Jean Le Cam. Em 2004-05, participou de um grande duelo com Vicent Riou, chegando a contornar o Cabo Horn com vantagem de 250 milhas. Entretanto, foi pego por uma alta pressão e Vicent Riou acabou vencendo por apenas sete horas de diferença. Na edição seguinte, em 2008, novamente o Cabo Horn colocou sua marca sobre Le Cam: seu barco perdeu a quilha e capotou em seguida, com Le Cam sendo resgatado e salvo por Vicent Riou (seu rival e carrasco na edição anterior). Em 2016, foi obrigado a coletar patrocínio até o último minuto para conseguir competir, e, com um barco inferior, ainda conseguiu a sexta colocação ao final. Para o público francês, uma Vendée Globe sem Jean Le Cam perderia o tempero, o sabor especial que este velejador traz consigo para a regata.

O veleiro de Le Cam em 2020-21 é o mesmo com o qual Michel Desjoyeaux venceu a Vendée Globe 2008-09. Completamente revisado, o barco recebeu melhoramentos no design para ganhar velocidade. Foi com ele que Le Cam e o skipper suíço Bernard Stamm venceram, em 2014, a Barcelona World Race (também regata de volta ao mundo).

O Yes We Cam!, apesar de não ter o mesmo rendimento de boa parte de seus rivais, nas mãos de um grande e experiente navegador sem dúvida poderá chegar entre os primeiros.