Troféu Júlio Verne 2020-21
segunda chance para o
Edmond de Rothschild
Depois de uma longa espera (mais de mês), finalmente os skippers Franck Cammas e Charles Caudrelier deram início a novo recorde de circum-navegação, com o maxitrimarã do time Gitana
O que diria o escritor Júlio Verne se soubesse que um século depois de seu livro A Volta ao Mundo em 80 dias barcos a vela estariam circum-navegando o planeta em metade do tempo que imaginara? Sim, inimaginável para seu tempo, mas o Troféu Júlio Verne já tem um recorde estabelecido de 40 dias, 23 horas e 30 minutos, estabelecido por Francis Joyon e sua tripulação a bordo do máxi Idec Sport, em 26 de janeiro de 2017. Mas marinheiros nunca ficam satisfeitos. Agora, a meta são 39 dias…
Para tentar estabelecer o novo recorde, ontem, 10 de janeiro, à 1 hora, 33 minutos e 46 segundos (UTC), o máxi Edmond de Rothschild deu início a uma nova tentativa. Com ventos nordeste por volta de 20 nós em mar calmo, os seis tripulantes viram as luzes do farol Le Créac'h (na ilha francesa Ouessant) desaparecerem no horizonte, dando início ao desafio: são eles Franck Cammas, Charles Caudrelier (skippers), Morgan Lagravière, David Boileau, Yann Riou e Erwan Israel.
O horário de largada não foi um acaso, e sim um rígido ponto de partida estabelecido pelo meteorologista Marcel van Triest, um sétimo tripulante não embarcado, mas trabalhando para a equipe a partir do porto de Lorient, na costa francesa. Tudo é estudado, planejado e rigorosamente seguido pelos membros da equipe Gitana, pois o atual recorde, de 40 dias, 23 horas e 30 minutos, estabelecido pelo navegador Francis Joyon e sua tripulação, não será fácil de superar.
Serão pelo menos 22 mil milhas, boa parte delas pelos chamados "Mares do Sul" — nas altas latitudes, os ventos e as ondas não são bloqueadas por continentes —, incluindo os Oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.
Esta é a segunda tentativa de recorde da equipe Gitana dentro do prazo estipulado para a disputa do Troféu Júlio Verne de 2020-21. Em 25 de novembro passado, o Edmond de Rothschild partiu conforme planejado, mas poucos dias depois, durante a noite, o maxitrimarã chocou-se contra um ófni (objeto flutuante não identicado), danificando um dos lemes e obrigando a equipe a desistir. De volta a Lorient, no início de dezembro, o veleiro passou por reparos em poucos dias. Contudo, a equipe Gitana não relargou imediatamente. As condições de ventos e mar teriam de ser favoráveis. Assim, foi uma prova de paciência aguardar mais uma janela meteorológica que possibilitasse o recorde. E essa janela surgiu ontem. Em seu segundo dia da tentativa, o Edmond de Rotschild avança para as Ilhas Canárias (sim, incrível, em menos de dois dias completos já deixou a ilha da Madeira e os Açores em sua esteira).
Outro maxitrimarã, o Sodebo Ultim 3, interrompeu sua tentativa de recorde no Troféu Júlio Verne 2020-21 pouco depois de passar o Cabo da Boa Esperança, já no Oceano Índico. Com pequenos danos no casco, somados a condições meteorológicas desfavoráveis, tornou-se impossível superar o recordista Idec Sport. Depois de anunciar a desistência, o skipper Thomas de Coville decidiu seguir para a Ilha da Reunião, onde durante cinco dias foram feitos reparos. Atualmente, o Sodebo Ultim 3 está navegando de volta para Lorient. Não se sabe se haverá oportunidade de mais uma tentativa.
A equipe do máxi Edmond de Rothschild
Franck Cammas e Charles Caudrelier - skippers
David Boileau, Erwan Israël, Morgan Lagravière e Yann Riou - marinheiros
Marcel van Triest (meteorologista) e Yann Eliès (marinheiro de reserva) - apoio em terra