Vendée Globe Real e Virtual - 28-12-2020

Boris Herrmann (Seaexplorer - Yacht Club de Monaco) confirma: “É hora dos ventos de mais de 30 nós e velas rizadas”

Boris Herrmann (Seaexplorer - Yacht Club de Monaco) confirma: “É hora dos ventos de mais de 30 nós e velas rizadas”

O Veranico de Natal acabou

As depressões estão de volta

E os skippers, em seus gordos e mal-acostumados Imocas, recebem visita dos rugidores e furiosos ventos dos 40 e 50 graus Sul de um “Oceano não tão Pacífico”.

Para o grupo da vanguarda da Vendée Globe, as férias do Natal acabaram. Foram dias surpreendentes em dezembro para as altas latitudes sul do Pacífico, com brisas leves e temperaturas agradáveis. Agora é hora de voltar ao trabalho. E para isso, nada melhor que a chegada de uma depressão com ventos de 30 a 35 nós trazendo muito frio — e mar grosso.

Jean Le Cam (Yes We Cam) caiu para sexta posição

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Uma surpreendente Isabelle Joshke (MACSF) chega ao quinto lugar na Vendée Globe 2020-21

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Os dois primeiros colocados, Yannick Bestaben (Maître Coq) e Charlie Dalin (Apivia) já deixaram a longitude do “Ponto Nemo” para trás. Pouco depois, descobriram as diferenças entre os 40 e 50 graus de latitude sul. São simplesmente os apelidos, pois tanto “The Roaring Forties” (Os Quarenta Rugidores, ou Quarenta Bramadores) quanto os “The Furious Fifties” (Os Cinquenta Furiosos), possuem a capacidade e determinação de enervar os marinheiros calmos, assim como de acalmar os marinheiros nervosos.

Pois é, nas altas latitudes sul é que vivem os verdadeiros ventos velozes e furiosos, sem igual no planeta. Estranho: tinham sumido, parecendo que viajaram de férias, mas agora estão de volta. Cuidado, navegantes, principalmente porque o Horn, cabo de má fama, amigo íntimo dos Rugidores e Furiosos, está aguardando por vocês lá no horizonte.

Uma curiosidade. O que é esse “Ponto Nemo”, atualmente na moda e na boca dos velejadores?

Uma pesquisa rápida traz informações. O nome original desse pequeno ponto no mapa do Oceano Pacífico seria Polo Oceânico de Inacessibilidade. Acabou como “Ponto Nemo” por interferência do escritor Júlio Verne, em sua obra Vinte Mil Léguas Submarinas. Interessante notar que a palavra “nemo” significa “ninguém”, em latim. Nome sob medida utilizado por um tal Ulisses se livrar de ciclopes.

Mas o que significa exatamente um “polo oceânico de inacessibilidade”? O termo surgiu em paralelo com a busca, entre cientistas, do local mais isolado de todo o planeta. Assim, o Ponto Nemo é a resposta a essa busca: trata-se do lugar mais distante de qualquer continente, ilha ou McDonald’s no planeta Terra. Está nas seguintes coordenadas: 48°52’6”S e 123°23’6”W, em meio ao Oceano Pacífico. Local de sonho para qualquer ermitão!

Não! Há anos, deixou de ser local de sonho de ermitões, quando os americanos e os russos resolveram livrar-se de todo lixo espacial e outros detritos indesejáveis lançando-os na área “Nemo”. De vez em quando, esses e outros países dão a descarga dos satélites e coisas caem do céu emporcalhando o Ponto Nemo.

Nossa, como viajei com esse Ponto Nemo. Do que é que se tratava este artigo mesmo? Ah, da Vendée Globe. Então, concluindo, o Boris Herrmann (Seaexplorer) comentou hoje: “Nós estamos de volta ao real Oceano Pacífico. Nada de brisas leves e temperaturas agradáveis, mas um ‘honesto’ velejar a 17 nós sob ventos de 30 nós”.

Yannick Bestaven, hora de enfrentar as tormentas dos mares do sul

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