Nova gasolina
Vem aí
um combustível melhor (e mais caro)
O que o seu barco tem a ganhar com a gasolina que passará a ser distribuída a partir do próximo mês?
A partir de agosto, a gasolina automotiva comum vendida no Brasil terá de obedecer a uma nova especificação da Agência Nacional de Petróleo e Biocombustível (ANP) que, segundo a diretora de Refino e Gás Natural da Petrobras, Anelise Lara, “vai aproximar a qualidade do combustível comercializado no Brasil ao do mercado americano e europeu”.
Com isso, o preço do novo combustível poderá subir, mas a diretora explicou que “A qualidade intrínseca da gasolina vai aumentar em termos de octanagem e massa específica, o que significa um combustível mais eficiente e melhor proteção aos motores dos veículos. Isso vai permitir uma redução no consumo de gasolina por quilômetro rodado”. Ou seja, o aumento na autonomia e na durabilidade dos motores deve compensar o aumento de preço da gasolina.
De acordo com a Resolução ANP 807/20, a gasolina comum deverá ter massa específica mínima de 715 kg/m³ (até agora, não havia essa exigência no Brasil) e octanagem mínima de 92 (97 para o tipo premium) pela metodologia de RON, mais adequada aos novos motores automotivos que estão chegando ao país. Atualmente, a gasolina automotiva é referenciada apenas pelo IAD, índice antidetonante, de 87 octanas, média entre o padrão MON (motor octane number, medida da resistência à detonação com o motor fazendo força em alta rotação) e RON (research octane number, medida com o motor fazendo força em baixa rotação). Em janeiro passado, o portal da ANP informou que as novas exigências atendem “aos atuais requisitos de consumo de combustível dos veículos e de níveis de emissões progressivamente mais rigorosos”.
E quanto aos barcos, em que essas mudanças afetarão os motores? Em praticamente nada, pois quase nenhum motor marítimo é projetado para usar gasolina de alta octanagem. Porém, é certo que teremos um combustível mais confiável, já que agora haverá um padrão mínimo para o RON, além da massa específica, o que não acontecia antes, e isso permitirá maior controle da qualidade do combustível. O que de fato representaria uma melhora para o consumo náutico seria um combustível sem o etanol, que acelera a oxidação da gasolina no tanque e torna possível haver separação de fases devido à absorção de água (do ambiente) pelo combustível, de forma que a gasolina é separada do álcool, que acaba indo para o motor junto com água, mas justamente esse quesito permanecerá inalterado, já que a nova gasolina continuará tendo os atuais 27% de álcool (25% no tipo premium).