Vendée Globe Real e Virtual - 15-12-2020
Últimos dias no Índico
Ultrapassagens e encontro inédito
A luta entre o Apivia, Linked Out e Maître Coq pela liderança chega ao clímax! E os cinco mais próximos perseguidores fazem festa em encontro inédito
Ontem à noite, o então líder Charlie Dalin (Apivia) foi obrigado a parar e reparar um problema no suporte do hidrofólio de bombordo. Pouco antes do amanhecer sua equipe esclareceu que não foi um acidente com ófni (objeto flutuante não identificado) a causa do problema, mas não especificou que aconteceu.
Esta manhã, quando Dalin voltou à regata, já estava mais de 120 milhas atrás de Thomas Ruyant (Linked Out), que assumiu a liderança da Vendée Globe, e de Yannick Bestaven (Maître Coq), segundo colocado. Contudo nada garante quem será o líder amanhã. Pois a diferença entre os dois novos líderes está em apenas oito milhas, e Bestaven vem num grande momento, mesmo tendo de subir no mastro para costurar uma vela.
Enquanto isso, 300 milhas atrasados, o grupo de cinco perseguidores está tão coeso a ponto de todos se encontrarem nos 48 graus sul, limite da zona de gelo, já perto da divisa dos oceanos Índico e Pacífico. Dois deles, o alemão Boris Herrmann e o francês Damien Seguin, passaram tão próximos que puderam conversar, cada um sentado no cockpit de seu veleiro! Já Louis Burton mandou seu drone sobrevoar o Seaexplorer para filmar o “rival”. Este, numa resposta imediata, decolou outro drone e foi por sua vez filmar o Bureau Vallée 2. Espionagem? Longe disso. Uma verdadeira e inédita festa natalina num dos pontos mais remotos do globo.
Estão dentro de uma distância de quatro milhas: Jean Le Cam (Yes We Cam), Louis Burton (Bureau Vallée 2), Benjamin Dutreux (Omia – Water Family), Boris Herrmann (Seaexplorer) e Damien Seguin (Groupe Apicil). Divertiram-se tirando fotos e conversando online uns com os outros.
Sim, no lugar daquela rivalidade rancorosa tão explícita em outros esportes, como na Fórmula 1, na Vendée Globe são todos homens do mar, e não existe tradição de maior solidariedade do que entre marinheiros. Ou marinheiras, pois por pouco Isabelle Joschke (MACSF) perdeu a festa! A franco-suíça está logo em seguida na classificação: 9º lugar e, no mapa, também bem próxima.
Boris Herrmann entusiasmou-se: "Foi um dia tão incrível, eu realmente tive de pular sobre o piloto automático do meu barco para não chocar com o Groupe Apicil, do Damien, estávamos tipo convergindo como ímãs um para o outro. Agora, depois de anoitecer, posso ver quatro luzes na escuridão total dos mares do Sul. Incrível, cinco barcos juntos! Isto nunca tinha acontecido antes! Foi bastante agradável, não há mais solidão!”
Yannick Bestaven não ultrapassou (ainda) Ruyant, mas ficou extasiado por ter escalado o mastro de seu barco e remendado sua vela. Portanto, o Maître Coq pode voltar a voar baixo na busca pela liderança.